De forma organizada e silenciosa, chilenos escolhem sucessor da presidente Bachelet

17/01/2010 - 13h15

Renata Giraldi
Enviada especial
Santiago (Chile) - Sem barulho nem desorganização ou demonstrações explícitasde preferências políticas, os eleitores chilenos votaram hoje (17) emnove regiões administrativas do país. Uma antiga tradição do Chile fazcom que homens e mulheres votem em zonas eleitorais distintas. Oeleitor vota em cédula de papel e utiliza lápis para marcar o nome deseu candidato. Em seguida, o eleitor coloca a cédula na urna.Pelosdados oficiais, aproximadamente 9 milhões de eleitores estãohabilitados a votar, dos quais  52% são mulheres e cerca de 158 miljovens com menos de 29 anos. No Chile, estas são as últimas eleições emque o voto é obrigatório. No país que ainda tem na sua memória 17 anosde ditadura  do ex-presidente e general Augusto Pinochet (1973-1990), ogosto pela discussão política faz parte do cotidiano.“Esperosinceramente que o próximo presidente mude muita coisa para melhorprincipalmente na área da saúde”, disse a assessora Adriana Muñoes.Para o engenheiro mecânico Mário Garrido, independentemente doresultado das eleições, é fundamental votar. “Votar é um dever cívico etemos de exercer a nossa autoridade que é na hora de escolher o futuropresidente do nosso país”, afirmou.  Os idosos e pessoas comdeficiências tiveram preferência na hora de votar. Alguns chegavam emcadeiras de rodas amparados por policiais e agentes da Defesa Civil.Pais e mães levaram seus filhos e até cachorros na hora de votar. Nasmesas de votação, a organização era completa. A discussão sobre o futuropresidente ocupou o tempo de espera para votar. “Estamos elegendoalguém que vai nos representar e decidir questões fundamentais paratodos, por isso votar é tão importante”, disse a professora de artesvisuais MaríaFernanda Valenzuela. “As eleições são necessárias porque é quando comliberdade e democracia escolhemos o futuro do nosso país”, afirmou adona de casa Francisca Castro.Pelas projeções eleitorais, oempresário Miguel Sebastián Piñera, da coligação Alianza (decentro-direita) tem uma ligeira vantagem sobre o ex-presidente EduardoFrei Ruiz, da coligação Concertación (de centro-esquerda) - dapresidente Michelle Bachelet. Na maior zona eleitoral da capital Santiago, no Estádio Nacional – local que a seleçãode futebol do Brasil venceu a Copa do Mundo de 1962 -  simpatizantes dePiñera e Frei não escondem suas preferências, mas optam pelo discursoem defesa da democracia. Para o ex-presidente Ricardo Lagos,que fez campanha para Frei, o resultado das eleiçõesde hoje deve ser respeitado. “É uma forma cívica e não cabe dúvidaalguma sobre estas eleições. Acredito que o resultado vai ser apertado.Mas o importante é o interesse do país”, afirmou.Os doiscandidatos votaram pela manhã. Piñera e a mulher votaram nocentro de Santiago. Depois o candidato de oposição foi passear debicicleta com os netos. Frei votou em uma escola a 800 km da capital. Pelaprevisão das autoridades chilenas, o resultado das eleições serádivulgado ainda na noite de hoje (17). A contagem dos votos serárealizada no centro de Santiago em um local denominado Estação Mapotcho.Osorganizadores das campanhas de Piñera e Frei já  montaram estruturas àespera do resultado das eleições de hoje. Piñera está com um forteesquema organizado no hotel Crowne e a seis quadras deste local Freimontou seu palanque, em frente ao hotel San Francisco. Ambos estãolocalizados na Plaza Itália, um dos principais pontos de Santiago.