Brasil tem potencial para elevar consumo e exportações de vinho, diz especialista

10/01/2010 - 15h36

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Com um consumo de vinho ainda baixo para os padrõesmundiais, o Brasil tem, entretanto, potencial para crescer nospróximos anos, disse à  Agência Brasilo engenheiro químico Valdiney Ferreira, professor da FundaçãoGetulio Vargas. “Como ocorre com outras indústrias, aindústria do vinho também é uma cereja de bolo.Todo mundo quer se posicionar bem aqui porque as expectativas em umfuturo bastante próximo são muito boas. O mercado estácrescendo”.O consumo de vinho per capita no Brasil éde 2 litros por ano, o que coloca o país em uma das últimasposições no mundo. Valdiney Ferreira observou, porém,que o Brasil tem um mercado com um potencial extraordinário decrescimento. “E se isso passa para quatro ou cinco litros percapita, você tem uma explosão da indústria noBrasil”. Os países, como o Chile e a Argentina,grandes consumidores, apresentam um consumo individual acima de 25litros de vinho/ano, enquanto nas nações mais velhas daEuropa, o consumo supera os 30 litros anuais por habitante. Onegócio do vinho é o tema central do curso de gestãoinédito que a FGV inicia em março deste ano, no Rio deJaneiro. O objetivo é atuar em um elo importante da cadeia dovinho, que é a comercialização, envolvendo aimportação, exportação, formaçãode profissionais e os empreendedores.De acordo com Ferreira,a produção brasileira de vinhos está em francaexpansão, os números se aproximam de 300 milhõesde litros produzidos por ano, mas, segundo ele, é precisotrabalhar mais na qualidade do produto. “A produçãopor ano é crescente. Mas ainda é uma produçãocom percentual muito grande de vinhos que não sãoconsiderados vinhos finos”. No concorrente Chile, por exemplo, aprodução é somente 50% maior que a brasileira,mas quase tudo é vinho fino, destacou. “E ele [o Chile]produz, praticamente, para exportar”.O professor da FGVsalientou que no caso brasileiro, o carro chefe são os vinhosespumantes, cuja qualidade e aceitação sãocrescentes. “Tem um carro chefe nosso que está ficando cadavez mais promissor e está tendo um reconhecimentointernacional muito grande, que são os vinhos espumantes. Agente tem espaço para competir no mercado internacional”. ORio Grande do Sul concentra ainda 90% da produçãonacional. No Brasil, o setor responde pela geração demais de 300 mil empregos.Ele sugeriu que o Brasil aproveite a boa aceitação dos vinhos espumantes paraampliar a exportação. Entre os entraves àexportação, enumerou a falta de divulgaçãodo vinho brasileiro. “E, principalmente, temos que descobrir anossa vocação, o que a gente é efetivamenteforte. Se o Brasil tiver um foco bastante forte na sua indústriado vinho, as oportunidades podem vir mais fáceis”.Ferreiradisse que a desoneração tributária émuito importante para a produção e a exportaçãonacionais e também para a importação, uma vezque um vinho que custa 10 euros na Europa chega na ponta do consumono Brasil a um custo entre R$ 80 a R$ 100. “A tributaçãoé muito pesada em cima do vinho. Precisa desonerar. Mas, paraisso, a indústria do vinho tem que ter poder”. Falta àindústria do vinho nacional se organizar politicamente parabrigar pelos interesses do setor como fazem outras indústrias,disse.