Correios têm 1,2 milhão de documentos perdidos cadastrados

02/01/2010 - 9h02

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em 2009, 379.769documentos perdidos – como CPFs, certidões de nascimento,carteiras de identidade, de motorista e de estudante – foramentregues nas agências dos Correios. Desses total, apenas 30.525 foramdevolvidos aos donos. Segundo a chefe do Departamento deFilatelia e Produtos dos Correios, Maria de Lourdes Torres deAlmeida, esse índice poderia ser maior caso a população fossemais bem informada sobre o serviço prestado pela empresa, que já temcerca de 1,2 milhão de documentos cadastrados.“Para queesses documentos retornem a seus donos é necessário que eles tenhama iniciativa de buscá-los. Isso pode ser feito até mesmo pelo nossosite [www.correios.com.br],a partir da apresentação do nome completo da pessoa que perdeu odocumento. Nós sempre damos retorno à solicitação e, caso odocumento faça parte de nosso cadastro, informamos em qual de nossasagências ele poderá ser retirado”, disse em entrevista àAgência Brasil.No entanto, segundo ela, poucaspessoas sabem que há um grande número de documentos entregues na agências dos Correios. “São muito comuns casos em quedocumentos roubados foram entregues pelo próprio ladrão, preocupadoem não prejudicar ainda mais a sua vítima.”Maria de Lourdes lembra que ninguém precisa se identificar para entregar o documentonas agências. “Há também a possibilidade de colocá-lo em umadas caixas de coletas dos Correios.”Segundo ela, por motivo de lei esse serviço não pode ser prestado gratuitamente,até porque “representa custos” para a empresa. “Mas estáprevista uma exceção para aqueles que assinarem uma declaraçãoalegando não terem condições de pagarem a taxa, que é de R$3,30”. De acordo com Maria de Lourdes, 70% das pessoas que encontram osdocumentos perdidos não se importam em pagar essa taxa. “Há tambémmuitas situações em que ela é paga pelo próprio funcionário, aover que a pessoa, de fato, não tem condições financeiras paraarcar com o custo”, contaEla diz acreditar que o número dedocumentos devolvidos “aumentaria sensivelmente se os recursosadquiridos via taxa fossem aplicados em uma campanha informativa”.Os documentos que não são retirados são devolvidos aosórgãos emissores, caso não sejam procurados no prazo de 60 dias,contados a partir do cadastro. “Mas, em muitos casos, esse prazoacaba sendo maior por causa da diferença de tempo entre a entrega e ocadastramento, e também decorrente de eventuais limitações dasagências”, explica Maria de Lourdes.O Ministério da Justiça também pretende atuar visando a ajudar as pessoas a localizar seusdocumentos perdidos. Para isso, publicou esta semana uma resolução por meio da qual cria um grupo de trabalho para apoiar o desenvolvimento e aimplementação do Cadastro Nacional de Documentos Extraviados,Roubados ou Furtados. Esse banco de dados também serádisponibilizado na internet.Segundo o ministério, esse grupo detrabalho será coordenado  por um representante da SecretariaNacional de Justiça, e será formado por funcionários doDepartamento Nacional de Registro do Comércio, da Secretaria daReceita Federal, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), daPolícia Civil, do Conselho Nacional de Justiça, do InstitutoNacional de Identificação e de outros órgãos como juntascomerciais, além dos Correios.