Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministra Dilma Rousseff, considerou“ridícula” a proposta dos países ricos de investir apenas US$ 10 bilhões porano até 2012 para reduzir as emissões de gás carbônico (CO2) na atmosfera.Ela disse que os desenvolvidos querem transferir para ospaíses em desenvolvimento a conta do aumento do efeito estufa provocado por eles na atmosfera ao longo de décadas de crescimento.“Disponibilizar US$ 10 bilhões, quando só o Brasil terá que investir US$ 16 bilhões por ano até 2020, oequivalente a US$ 160 bilhões em um prazo de dez anos, para atingir a metade redução de emissão de CO2, que é de 36% a 39% no período, não é nada. É uma soma ridícula”, afirmou Dilma, que se mostrou decepcionadacom os resultados da 15ª Conferência das Nações Unidas para o Clima(COP-15), sobretudo com a falta de um compromisso dos países desenvolvidoscom a redução das emissões.“Não houve um compromisso jurídico, mas simpolítico, de tomada de decisões para o período de 2010 a 2020. O clima [na conferência] era dedesconfiança e, durante todo o tempo, os países ricos tentaram dividir com os emdesenvolvimento a responsabilidade, inclusive financeira, pelo aquecimento doplaneta provocado pelo efeito estufa. É uma violência ao princípio da equidade querer tratar como iguais países desiguais.”A ministra, que chefiou a delegação brasileira na COP-15, lembrou que durante toda o tempo ospaíses desenvolvidos tentaram inviabilizar a manutenção do Protocolo de Quioto,que inclusive não constava do texto final que seria votado e só foi incluídoporque o Brasil se recusou a assinar o documento sem esse ponto. “Quase todos queriam compromissos claros, reduçãodas emissões, principalmente pelos países desenvolvidos, mas tudocontinuou na mesma e as decisões foram postergadas para a reunião dopróximo ano no México.”Foi por isso que houve "uma revolta justificada" dospaíses pobres, porque não se resolvem os problemas climáticos dos países pobres com os recursos que estão na mesa, explicou a ministra, ao participar de um balanço sobre a conferência da Dinamarca, ao lado do ministro do Meio Ambiente, CarlosMinc, e do embaixador Luiz Alberto Figueiredo, principal negociador brasileiro na COP-15. Também decepcionado com os resultados do encontro, Minc lembrou que muitos países ricos olhavammais para o próprio umbigo do que para os problemas do clima. De acordo com Minc, criou-se uma expectativa de que Copenhaguepoderia resolver os problemas climáticos, mas o que se viu foi intolerância, egoísmo, insensatez. Ele ressaltou, no entanto, que o governo brasileiro pretende transformar essa frustração “em um impulso forte e propositivopara que possa chegar mais à frente com posições muito mais concretas eavançadas”.Minc garantiu que o Brasil vai fazer o dever de casa e cumprir com a proposta de reduzir as emissões de CO2 entre 36% e 39% até 2020. “Além disso, vamos ajudar a América Latina e a África, e cobrar mais, para que essemovimento vire uma pressão positiva e possamos avançar em junho e que, emdezembro, no México, possamos fazer mais ainda.”