Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A renda familiar tem influência direta no acesso da criança àescola. Em 2008, 90,4% das crianças e dos jovens entre 4e 17 anos estavam na escola no Brasil. Entretanto, esse número é menor nas famílias de baixarenda. Entre aquelas que se declaram sem rendimento, ou seja, quesobrevivem de serviços temporários ou doações, a taxa de atendimento éde 81%. Já entre as famílias com renda mensal de cinco salários mínimos oumais, 97% da população nessa faixa etária frequentam a escola. Aanálise consta de relatório do Movimento Todos pela Educação, quereúne representantes da sociedade civil organizada e da iniciativa privada, educadores egestores públicos de educação. A entidade monitora indicadoreseducacionais de acesso e qualidade a partir de cinco metas que devemser atingidas até o bicentenário da Independência, em 2022: ampliação emelhoria da gestão dos investimentos em educação, garantia de que todasas crianças e jovens estejam na escola, sejam alfabetizados até os 8anos, aprendam o que é adequado para a sua série e concluam cada etapa doensino na idade correta.O relatório divulgado hoje (9) analisaa taxa de atendimento da população de 4 a 17 anos, além dos percentuaisde conclusão do ensino fundamental e médio entre os jovens. Segundo orelatório, o país não conseguiu atingir a meta de acesso para 2008 queprevia que 91,9% da população nessa faixa etária estivesse na escola. O percentualverificado foi de 90,4%. Para 2022, a meta é chegar a 98%. Entre osestados, só a Bahia conseguiu superar a meta estabelecida para o anopassado, atingindo o percentual de 92,5% de crianças e jovens naescola. O presidente executivo do Movimento Todos pelaEducação, Mozart Neves Ramos, destaca que a aprovação em 2009 da proposta de emenda à Constituição (PEC)que estabelece o ensino médio (dos 15 aos 17 anos) e a pré-escola (dos4 aos 5 anos) como etapas obrigatórias deve aumentar os números nospróximos anos. O atendimento escolar entre 7 e 14 anos, faixa etária para a qual hoje o ensino é obrigatório, já foi universalizado. “Se porum lado conseguimos universalizar a matrícula de 7 a 14 anos, napré-escola ainda é preciso fazer um grande esforço: ainda temos 15% decrianças não atendidas e essa é uma etapa muito importante para aqualidade da educação básica”, afirma. Além da renda, o localem que a criança mora e outros fatores influenciam o acesso ao ensino.Segundo o relatório, “o fato de a família residir em uma zona urbanaaumenta em 3% a probabilidade de seus filhos estarem matriculados naescola”. Se o pai está empregado, a chance de o filho ter atendimento escolar aumenta em 5,4%. "Épreciso garantir uma atenção maior em termos de politica pública paraessa população, um olhar diferenciado para essa criança”, destaca Mozart Neves Ramos.