Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Carlos Marighella nasceu na Bahia e ficou conhecido em todo o país pela luta contra a ditadura militar criada em 1964. Hoje (4), exatos 40 anos após o seu assassinato, ele ganha o título de cidadão paulistano in memoriam da Câmara Municipal dos Vereadores. Deputado, integrante do Partido Comunista e fundador da Ação de Libertação Nacional (ALN), Marighella foi homenageado por seus amigos e parentes na Alameda Casa Branca, no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, onde morreu em uma emboscada liderada pelo delegado Sergio Paranhos Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). O assassinato de Marighella foi contado recentemente no filme Batismo de Sangue (2006), de Helvécio Ratton, que é uma adaptação de livro de memórias de Frei Betto.Com cravos vermelhos nas mãos, as cerca de 50 pessoas gritavam "Marighella presente, agora e sempre" para mostrar que, mesmo morto, o comandante ainda vive graças aos seus ideiais. Foi sua viúva, Clara Charf, quem contou que a luta do marido valeu a pena."Valeu para transformar o Brasil, que hoje é um pouco do que a gente sonhava". Clara disse que a abertura dos arquivos da ditadura pode ser um importante passo. "Temos este direito. Esta campanha para sensibilzar a sociedade em busca dos desaparecidos políticos é um grande avanço, mas ainda é preciso fazer pressão porque há muitos interesses em jogo", disse. "Hoje sabe-se que ele não trocou tiros naquela noite, que foi assassinado sem reagir." Para o filho do homenageado, Carlos Augusto Marighella, o ato de hoje e a seu título de cidadão paulistano são provas de que os tempos realmente são outros. "Para a família, isto é fantástico, é um ato oficial que inspira, extremamente significativo. Com isso quebramos o silêncio e levantamos o debate sobre aquela época e acaba se tornando um compromisso com a democracia."As homenagens de São Paulo não são as únicas. À noite, o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, participa em Salvador do ato "Marighella Vive". No próximo sábado (7), a exposição Marighella, no Memorial da Resistência em São Paulo, será aberta ao público. A família planeja fazer um ato em dezembro no Cemitério das Quintas, em Salvador, onde ele está enterrado.