MST diz que não tem medo de ser investigado por CPMI

09/10/2009 - 22h16

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Membro dacoordenação nacional do Movimento dos TrabalhadoresRurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, afirmou hoje (9) em entrevista àAgência Brasil que o movimento não tem medo de que suasoperações sejam investigadas. “Não tememosabsolutamente nada”.

Ovice-líder do DEM, deputado Onyx Lorenzoni (RS), informou hoje(9), que já tem o número de assinaturas necessáriasde deputados e senadores para a criação da comissãoparlamentar mista de inquérito (CPMI) destinada a investigar orepasse de recursos públicos por meio de organizaçõesnão governamentais (ONGs) e as ações do Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Ainstalação da CPMI vai, na avaliação de GilmarMauro, criar um “palco” para que os opositores da reforma agráriaataquem os movimentos sociais. “[A CPMI] vai ser um palco paracriminalizar, estigmatizar, não só o movimento dos sem-terra, mas outros movimentos no campo. Por isso, a gente nãoqueria que acontecesse essa CPMI, para não dar mais esse palcode tentativa de criminalização desse movimento”, disse.

Paraele, a invasão da fazenda da Cutrale não foi decisivapara impulsionar a instalação da comissãoparlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar osrepasses do governo federal para o movimento. De acordo com Mauro, jáhavia a intenção por parte de parlamentares ruralistas deinstaurar a comissão, e o incidente foi utilizado comopretexto.

Noentanto, o líder do MST reconheceu que a divulgaçãoda ação na fazenda afetou a imagem domovimento. Ele atribuiu a veiculaçãodos fatos ocorridos a uma campanha para tentardesacreditar publicamente o MST. “O que está se fazendo éum carnaval, da imprensa, dos meios de comunicação e devários políticos para tentar criminalizar o movimento”.

Afazenda pertencente a empresa Cutrale em Borebi (SP) foi ocupada peloMST no último dia 28. Os manifestantes permaneceram atéa última quarta-feira (7) e, durante o tempo em que estiveramno local, destruíram parte da lavoura de laranja.

SegundoGilmar Mauro, a derrubada do laranjal foi uma ato de desespero. “Háum desespero das famílias para resolver uma situaçãoque é muito grave. Têm famílias acampadas hánove anos”, afirmou. “Nem se imaginava que teria a dimensãoe a repercussão que acabou havendo”, completou.

Mauronegou que a derrubada de parte das árvores da fazenda possaser qualificada como vandalismo. “Vandalismo é nãocumprir a Constituição brasileira que prevê aarrecadação de terras que não cumprem a funçãosocial”, afirmou. O termovandalismo foi usado hoje pelo presidente Luiz InácioLula da Silva para se referir à atuação do MST emBorebi.

O líderdo MST também negou a destruição de tratorese equipamentos da propriedade, como afirmam a Cutrale e a PolíciaMilitar. Ele garante que os equipamentos já estavamdanificados antes da chegada dos manifestantes.