Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O presidente do Sindicato dos Ferroviários do Rio de Janeiro, Valmir Índio Lemos, descartou hoje (9) que os recentes problemas com os trens da SuperVia sejam fruto de sabotagem, como foi cogitado pelo secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, em entrevista à imprensa e reproduzido no site do governo do estado. Segundo ele, os defeitos são resultado de falta de investimento da concessionária.
Sobre o incidente de ontem (8), quando um trem enguiçou perto da Estação Dom Pedro Segundo, na Central do Brasil, deixando todo o sistema parado e provocando um tumulto na estação, o sindicalista disse que não houve ação de sabotagem, mas de falta de manutenção na fiação aérea e no pantógrafo, equipamento que conecta o trem com os cabos elétricos.“Na verdade, estão transferindo a responsabilidade para um suposto sabotador. Mas o problema é falta de manutenção. Na quarta-feira (7), o que houve é que a empresa arrancou os mecanismos de abertura das portas dos trens, o que ocasionou o tumulto entre as pessoas que já estavam aguardando há 30 minutos dentro dos vagões”, afirmou.Índio Lemos pediu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para investigar a aplicação de recursos da SuperVia. Ele alega que além da receita com a venda de passagens, a empresa ainda recebe altas quantias com o aluguel de espaços para o comércio nas estações. “Esperamos que os deputados se mobilizem e olhem com atenção, porque alguma coisa está errada. A sabotagem começa quando a empresa não faz investimentos em um patrimônio público que tem a obrigação de administrar. Não se tem o número de passageiros exato, não se sabe quanto ela arrecada, tem várias propagandas e comércios nas estações e esse dinheiro não se sabe para onde vai”, disse.O sindicalista esteve com o deputado Gilberto Palmares (PT), que decidiu convocar uma audiência pública na próxima semana, com a indicação da criação de uma comissão especial, podendo resultar em uma CPI.“Na semana que vem haverá aqui, na Alerj, uma audiência pública para discutir a problemática dos trens. No mínimo uma comissão especial focada no transporte ferroviário nós vamos sugerir. Eu concordo que os problemas já ocorridos justificariam uma CPI, mas isso depende de um debate maior”, afirmou Palmares.A SuperVia informou, por meio da assessoria de imprensa, que as suspeitas de sabotagem na linha foram levantadas pela Polícia Civil e rebateu a acusação de falta de investimentos, dizendo que a empresa aplica cerca de R$ 50 milhões por ano em melhorias. Sobre a suposta falta de mecanismo de abertura das portas dos vagões, a assessoria afirmou que não comenta acusações vindas do Sindicato dos Ferroviários.