A dois meses de encontro em Copenhague, reunião sobre clima termina com poucos avanços

09/10/2009 - 18h18

Da Agência Brasil

Brasília - Duassemanas de negociações sobre o clima conduzidas pelaOrganização das Nações Unidas terminaramhoje (9) em Bangcoc, na Tailândia, sem que delegados de cercade 190 países chegassem mais perto de um acordo paracomplementar o Protocolo de Quioto, cujo primeiro período decompromisso vence em 2012. As informações são daBBC Brasil.A menosde dois meses da reuniãomais importante do ano sobre o clima,marcada para dezembro na capital dinamarquesa, Copenhague, osecretário da Convenção da ONU para mudançasclimáticas, Yvo de Boer, admitiu uma "contínuafalta de clareza" em questões-chave para um possívelacordo.Asprincipais "pedras no caminho" são estabelecer novas metas deemissões de carbono para os países desenvolvidos edefinir uma "arquitetura financeira" para ajudar paísesmais pobres a realizar mudanças para combater as mudançasclimáticas.Cientistasafirmam que, para evitar uma elevação de 2º Celsius (C) natemperatura do planeta, as nações industrializadasprecisam, nos próximos dez anos, reduzir as suas emissõesentre 25% e 40% em relação aos níveis de 1990.Entretanto,as negociações têm ficado muito aquémdisso, e o percentual acertado até agora não passa de 23%.Aproposta mais arrojada até o momento foi feita pela Noruega,que anunciou durante o encontro a meta de reduzir em 40%, comparado aos níveisde 1990, suas emissões de carbono até 2020 –coincidindo com o cenário mais ambicioso sugerido porcientistas.Entretanto,nos Estados Unidos, um dos países líderes em emissãode poluentes, um projeto de lei – que ainda depende de aprovaçãodo Congresso – prevê chegar até 2020 com um corte deapenas 17% em relação aos níveis de 2005. Issorepresentaria não mais de 4% abaixo dos níveis de 1990.O paísnão ratificou o Protocolo de Quioto e, hoje, o negociadoramericano no encontro, Jonathan Pershing, deixou claro que seugoverno não aceitará uma extensão do atualentendimento, que exige de 37 países industrializados quecheguem a 2012 com um nível de emissões 5% menor que em1990."Achoque será extraordinariamente difícil para os EstadosUnidos se comprometer com um número específico naausência de uma ação do Congresso", afirmou,segundo a BBC Brasil.Elereiterou a posição dos países industrializadosde exigir compromissos semelhantes de nações emergentescomo a China, o Brasil e a Índia. Entretanto, essas naçõesalegam que querem contribuir para o combate ao aquecimento global,mas não às custas de seu própriodesenvolvimento.Tambémnão houve avanço na definição decompromissos financeiros dos países ricos com o financiamentode ações de mitigação e adaptaçãonos países em desenvolvimento.Diante dafalta de avanço em Bangcoc, organizações dasociedade civil aumentaram o tom das críticas e esperamposições mais ambiciosas para evitar um fracasso nareunião de Copenhague."Nãopodemos continuar a perder tempo desperdiçando mandatospolíticos", disse a porta-voz da organização não governamental WWF, Kim Carstensen."Minha preocupação é que, sem clarezapolítica dos países em temas como finanças emetas de redução de emissões, o próximoencontro em Barcelona [que antecede o encontro em Copenhague] será mais uma rodada de discursos sem osavanços políticos que necessitamos."Jáo conselheiro da Oxfam sobre o clima, Antonio Hill, lembrou que afalta de "vontade política dos líderes dos paísesricos" terá um efeito mais nocivo sobre as populaçõesdos países pobres, mais vulneráveis aos efeitos damudança climática.