Movimentos no mercado financeiro ainda não justificam mudanças na poupança, diz Appy

03/08/2009 - 16h14

Daniel Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O secretário deReformas Econômico-Fiscais, Bernard Appy, que deixará o governo embreve, disse hoje (3) que os movimentos que ocorreram até agora nomercado financeiro ainda não justificam mudanças na caderneta depoupança ou na forma de tributar as aplicações, mesmo com aredução da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 8,75% aoano.

Appy foi o coordenador dos estudos do governo sobre o assunto quederam origem às medidas anunciadas em maio para evitar que a quedanos juros básicos levasse o investidor a transferir as aplicaçõesde fundos de investimento para cadernetas de poupança, maisatrativas por não pagarem Imposto de Renda, nem taxa deadministração. Na ocasião, o governo anunciou que passaria atributar as aplicações acima de R$ 50 mil na poupança e quepoderia reduzir o Imposto de Renda dos fundos de investimento.

Osecretário, que alega deixar o governo por questões pessoais, dizque não existe relação entre sua saída e o andamento da reformatributária no Congresso Nacional e a proposta de mudanças napoupança. Appy ressalta que a decisão sobre a poupança não édele, e sim do governo, pois só colocou “na mesa” uma séria deopções.

“Essaquestão de alterar a poupança ou eventualmente a tributação dasaplicações financeiras não tem uma resposta. Depende muito de comoo mercado está reagindo a uma Selic mais baixa. Os movimentos queocorreram até agora não justificariam uma mudança”, afirma Appy,lembrando que isso não significa que seja necessária uma mudançamais à frente. “Não tem nenhuma relação com a minha saída. Otrabalho está pronto. A hora que precisar soltar é só soltar.“

Osecretário nega ainda qualquer tipo de desconforto por ser oriundoda equipe do ex-ministro da Fazenda e atual deputado federal AntonioPalocci (PT-SP). Appy afirma que não existem problemas entre ele e oatual ministro da Fazenda, Guido Mantega. Nem com Palocci, como fezquestão de frisar. “Minha relação com o ministro Mantega éexcelente. Sempre foi. A decisão de sair é pessoal e não tem nadaa ver. Tem a ver com a situação de mais de seis anos e meio degoverno e de estar na hora de enfrentar novos desafios.”

Paraprovar que não existem problemas entre ele e Mantega, o secretáriolembrou que este, ao assumir o Ministério da Fazenda, fez questãode nomeá-lo secretário executivo.

Appy dizque só deixou o cargo porque pediu, por se interessar mais pelaparte institucional, como a reforma tributária. “Para poder mededicar mais à parte institucional, a Secretaria Executiva não erao melhor lugar, porque tem que resolver muita coisa do dia a dia."

Osecretário anunciou que vai para a inciativa privada, mas ainda nãosabe para onde. “Devo formalizar a saída na semana que vem. Temque ver algumas coisas que estava tocando. Por enquanto, não temnada definitivo.”