Paraguai comemora acordo com o Brasil sobre energia de Itaipu

25/07/2009 - 17h36

Mylena Fiori
Enviada especial da EBC
Assunção (Paraguai) - A revisão do Tratadode Itaipu vem sendo reivindicada pelo Paraguai há anos e foi uma dasprincipais bandeiras de campanha do presidente Fernando Lugo, eleitoem 2008. Além de questionar a dívida de US$ 19,6 bilhões que opaís tem com o Brasil, referente à construção da usinahidrelétrica binacional, o Paraguai pedia “preço justo” pelaenergia que não vende ao Brasil e o direito de comercializar aquiloque não consome a terceiros países.Pelo tratado deconstrução de Itaipu, cada país tem direito a 50% da energiaproduzida pela usina e a energia não utilizada deve ser vendida aosócio. Hoje, Itaipu fornece 90% da energia utilizada pelo Paraguai -o volume, porém, equivale a cerca de 5% dos 50% que o país têmdireito. O restante é vendido à Eletrobrás.Em reunião ministerialrealizada em janeiro, em Brasília, o governo brasileiro apresentou,como contrapropostas, a criação de uma linha de crédito de US$ 1bilhão, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico eSocial (BNDES) para obras de infraestrutura no país vizinho, e de umfundo binacional para estimular a atividade produtiva no Paraguai. OBrasil também se propôs a dobrar a taxa de US$ 105 milhões pagaanualmente pela cessão da energia excedente do país vizinho. OParaguai não concordou.As conversas mais umavez não avançaram durante visita de Lugo ao Brasil, em maio. Naocasião, 14 acordos em diferentes áreas estavam prontos para seremfirmados, mas acabaram não sendo fechados devido às divergênciasquanto à Itaipu.Nos últimos meses, osgovernos intensificaram as negociações. Na última quarta-feira, oassessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia, tevereunião de quase três horas com Lugo, e negociadores dos doispaíses se reuniram em busca de um acordo. Durante toda a semana, otema foi manchete dos jornais paraguaios, sobrepondo-se à Cúpula deChefes de Estado do Mercosul, realizada ontem (23) em Assunção.Ontem, às vésperas daCúpula do Mercosul, Itaipu foi manchetes de todos os jornaisparaguaios. Pelas ruas da cidade, faixas diziam “Itaipu, 50% daenergia é nossa”. Para a população, o encontro entre ospresidentes era muito mais importante que a cúpula regional. “Podeentrar dinheiro no nosso país”, justificava o taxista CarlosGonzalez dias antes do encontro.Em comunicado ànação, após a reunião com o presidente Lula, Lugo comemorou oacordo, lembrando que em dez meses foi possível conquistar algo quenão foi obtido em 30 anos. Mas, segundo Lugo, em se tratando deItaipu, não há vencedores ou derrotados. Para ele, o consenso foiuma vitória para os dois países.