Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O grupo do Exército responsável pela busca dos restos mortais de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia inicia nesta semana, no Pará, a visita e reconhecimento das áreas onde estariam enterrados os corpos de guerrilheiros, militares e camponeses possivelmente mortos no confronto entre os opositores do regime militar liderados pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e tropas do Exército, no início da década de 70. De acordo com o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, as escavações deverão começar apenas em agosto. Na etapa seguinte, o material, caso seja encontrado, será enviado aos laboratórios de perícia para a identificação. “Tenho a convicção de que será efetivada [busca pelos desaparecidos] com amplo acompanhamento da imprensa e parentes. Se não se achou, é por que não foi possível”, disse. Vannuchi e os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Comunicação Social da Presidência da República, Franklin Martins, reuniram-se hoje (6) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para discutir o assunto, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está na França. A reunião também teve o objetivo de chegar a um consenso sobre quem deve comandar as buscas. Militares e defensores dos direitos humanos divergem a respeito do tema.As negociações caminham para que o Ministério da Defesa comande a operação, com algum tipo de participação de representantes de entidades de defesa dos direitos humanos, conforme relato de fontes do Palácio do Planalto.A busca pelos desaparecidos da Guerrilha do Araguaia ganhou força depois das recentes declarações de Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Curió abriu seus arquivos pessoais e revelou que 41 guerrilheiros foram executados pelos militares durante a guerrilha. Até hoje não se sabe quantas pessoas morreram nos conflitos do Araguaia, na divisa dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins (na época ainda parte do estado de Goiás).