Brasil continua forte no enfrentamento da crise, diz presidente do Banco Central

06/07/2009 - 15h07

Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil não está criando vulnerabilidades ao enfrentar a crisefinanceira internacional, afirmou hoje (6) o presidente do BancoCentral (BC), Henrique Meirelles. Em seminário realizado pela Federação da Agricultura ePecuária de Goiás, em Goiânia, transmitido ao vivo pela internet,Meirelles reforçou que as reservas internacionais, estimadas em US$ 208,7 bilhões, estão “fortes”. Meirelles classificou de "responsável" a política monetáriado BC (referente ao nível da taxa básica de juros, a Selic, e os recursosdisponíveis na economia) e disse que ela está em linha com apolítica fiscal do Ministério da Fazenda (atuação do governo com relação à arrecadação deimpostos e gastos), que reduziu tributos paraestimular a atividade econômica.  Segundo o presidente do BC, a economia brasileira estará crescendo a taxas “maisfortes”, ao final deste ano, para que seja alcançada a projeção do BC de alta do ProdutoInterno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos nopaís, de 0,8% em 2009. Ele lembrou que a projeção do BC divergedo mercado financeiro, que não espera por crescimento neste ano, masretração de 0,50%. Há quatro semanas, a previsão de retração era maior:0,71%. Entretanto, segundo Meirelles, “às vezes, o mercado podecometer erros de projeção”, mas “houve correções importantes nosúltimos dias”. O presidente do BC afirmou ainda que a oferta decrédito, afetada pela crise, está gradualmente voltando ao normal noBrasil e o investimento estrangeiro no setor produtivo está crescendo. Napalestra, Meirelles também relatou que, a partir de 2003, o BC“aplicou uma política de desinflação rápida da economia brasileira”.Além disso, em 2008, o Brasil foi um dos poucos países do mundo quetiveram inflação dentro da meta estipulada, de acordo com ele.Meirelles admitiu que a taxa de juros real - que, descontada a inflação prevista para os próximos 12mesesm, está em 4,9% e, portanto, abaixo do patamar de 5% defendido por economistas - "ainda é um pouco elevada" na comparação com outros países. “Mas o importante é a trajetória cadente dos últimos anos”, disse. Ele destacou que outros países entraram na crise muito dependentesda demanda externa, ou seja, das exportações, diferentemente do Brasil.Ele afirmou que o país “entrou nesta crise com uma demanda doméstica crescendo fortemente”.Opresidente do BC concluiu que o crescimento da China poderá sustentar ademanda por commodities (produtos primários com cotação internacional) porque aquele país estáfazendo investimentos em infraestrutura e na criação de emprego doméstico.Além disso, segundo Meirelles, a demanda por alimentos e óleo para biodiesel impulsiona o comércio global de soja. E o aumentoda renda per capita em países populosos e de rápido crescimentoimpulsiona o comércio global de carnes.