Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A milícia conhecida como Liga da Justiça sofreu um duro golpe em uma operação concluída hoje (9) no Rio, com a prisão de 43 pessoas, incluindo policiais civis e militares. O secretário de Segurança do estado, José Mariano Beltrame, considerou que a operação, que contou com 450 policiais, praticamente desarticulou o grupo.“A Liga da Justiça, não podemos afirmar que terminou, que não existe mais. Mas ela praticamente se esvai com a prisão dessas pessoas. Eu posso dizer à sociedade que era a milícia mais desafiadora e que demonstrava mais poder e força. E a Polícia Civil exterminou esse grupo”, assegurou Beltrame.Segundo ele, a milícia controlava a maior parte dos territórios dominados por milicianos na região metropolitana. “A Liga da Justiça [controlava] 70% [das áreas]. É um grupo que dominava 1,2 milhão de pessoas. Tem outras milícias que atuam em outros lugares que têm 2 mil pessoas. O que direcionou foi exatamente o potencial criminoso desse grupo”, explicou o secretário.No total, a Justiça concedeu 66 mandados de prisão preventiva, expedidos quando há fortes indícios de crime e que não prevê prazo máximo de detenção. Até o início da noite, já haviam sido presos 19 policiais, sendo três da Polícia Civil e 15 da Polícia Militar. Também foram presos um agente penitenciário e um bombeiro, além de 15 civis, entre os quais três militares reformados. Outros oito acusados já haviam sido presos recentemente, incluindo Ricardo Teixeira da Cruz, conhecido como Batman, apontado como líder da milícia.A maior parte dos PMs presos era do 31o BPM (Santa Cruz) e Regimento de Polícia Montada, ambos situados na zona oeste, área onde a milícia agia com mais intensidade. Para o chefe de Polícia, Allan Turnowski, a operação representou um indicativo claro para todos os policiais do Rio: “O jogo está bem claro. Policial que estiver do lado da milícia é nosso inimigo. Automaticamente, será investigado e preso. Quem for policial, que se afaste da milícia ou vai perder o emprego”.O secretário de Segurança disse que pelo menos 30 homicídios ocorridos no ano passado são imputados ao grupo. Um dos policiais civis procurados chegou a trabalhar na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), no gabinete do deputado estadual cassado Natalino Guimarães, que atualmente está preso na Penitenciária Federal de Mato Grosso, acusado de ser o chefe da milícia.Perguntado por que não havia entre os militares presos nenhum oficial ou sub-oficial, visto que a hierarquia militar pressupõe rígida cadeia de comando, Beltrame ressaltou que não havia provas contra pessoas mais graduadas, mas afirmou que as prisões vão acontecer quando necessário, independente do cargo que se ocupe: "Se nós pegarmos, se produzirmos elementos suficientes, vão ser presos, seja oficial, delegado ou policial federal".