Programa na Bahia une alfabetização ao cotidiano de pescadores

14/05/2009 - 10h50

Da Agência Brasil*

Brasília - A mobilização de sindicatos, cooperativas eassociações de pescadores é a estratégiado programa Pescando Letras que, em dois anos, alfabetizou 2 milpescadores na Bahia. O programa é uma parceria do governo doestado com entidades e organizações da sociedade civil.A estratégia é usar o Registro Geral da Pesca, conhecido como carteirinha do pescador, para localizar os trabalhadores e atraí-lospara a sala de aula.Atemática do projeto é voltada ao cotidiano dospescadores. “O universo da pesca é muito rico. A gente fazum recorte trabalhando muito com os direitos e deveres do pescador,explicando o que é o período do defeso [épocaem que não se pesca para que os peixes possam se reproduzir],a questão da preservação do meio ambiente, doresgate do saber popular”, explica Rosângela Cerqueira, umadas pedagogas do projeto.Ocurso tem dez horas semanais e dura entre seis e oito meses.Atualmente, há 400 turmas que atendem cerca de 6 milpescadores distribuídos em 27 municípios.As aulas são realizadas em igrejas, casas e sindicatos, dependendo dacidade.

Umadas preocupações do projeto é levar em consideração aspossibilidades dos pescadores, de acordo com a carga horária de trabalho.“Dependendoda comunidade se respeita muito o período do defeso. Éo tempo em que eles estão mais em terra e é nessemomento em que as aulas são mais fortemente aplicadas”, dizRosângela.Ainiciativa surgiu de uma proposta de 2003 do Ministério daEducação, que foi implementada na Bahia em 2005. Oprograma começou no mesmo ano, como parceria entre a SecretariaEspecial de Aquicultura e Pesca (Seap) no estado e o ServiçoSocial da Indústria (Sesi).

Desdeentão novos parceiros entraram no projeto, como aUniversidade Federal da Bahia (UFBA) e o Banco do Brasil. Em 2008 ogoverno do estado também se juntou ao programa, que agora faz partedo Todos pela Alfabetização no estado.“Paraeles [pescadores], ir para a alfabetização é um ganho muitogrande, eles se sentem participantes da sociedade. Ao escrever oprimeiro nome eles se sentem cidadãos”, aponta Ivana Barretoda Silva, uma das pedagogas do programa.