Líder indígena diz que perda de identidade cultural é causa de suicídio entre guaranis

06/05/2009 - 22h13

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Osíndios Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, convivem há anos com uma estatística perversa:concentram a grande maioria dos suicídios registrados entrepovos indígenas no Brasil. Em 2008, todos os 34 casosidentificados no país ocorreram em tribos da etnia, de acordocom levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Olíder guarani kaiowá Anastácio Peralta disse que ofato “é bastante assustador” para a comunidade e atribuias mortes à perda de identidade dos indígenas diantedos conflitos fundiários e sociais que os guaranis enfrentamem Mato Grosso do Sul.

“Agente vê que é uma perda de identidade, de religião,enfraquecimento da cultura. A gente não foi preparado paraenfrentar esses problemas todos de onde a gente vive”, afirmou.

Porcausa de conflitos fundiários, os guarani vivem hoje umadisputa por espaço com o agronegócio e muitos indígenaspassam a trabalhar nas fazendas ou se deslocam para as cidades próximas,onde se concentram nas periferias.

“Umpovo que é acostumado a viver em um espaço grande, ondenão dependia dessa economia de fora, era muito tranquilo,feliz. Ali mantinha sua cultura, sua religião, sua dança,seus cantos e hoje não pode mais fazer isso”.

Oconsumo de bebidas alcoólicas e de drogas, em alguns casos,potencializam os problemas e também contribuem para o altonúmero de suicídios na etnia, segundo Peralta.

Naavaliação do líder indígena, a ampliaçãodas terras dos guarani kaiowá em Mato Grosso do Sul e ofortalecimento cultural das tribos podem reverter o alto índicede suicídios.

“Opovo guarani kaiowá é um povo alegre. Mas o que fazuma pessoas ser alegre é acreditar que a vida é boa”,afirmou.