Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O Brasil deve perder participação nas exportações mundiais entre 2007 e2030. A previsão consta do estudo Brasil Sustentável: Horizontes daCompetitividade Industrial, realizado pela Ernst & Young e aFundação Getúlio Vargas (FGV) Projetos.Divulgado hoje (5), em São Paulo, o estudo mostra que as exportações mundiais crescerão 3,7% ao ano e asexportações brasileiras, 1,8% ao ano, chegando aos US$ 182,67 bilhões. Deacordo com o estudo, o baixo desempenho projetado para o país éconsequência do aumento insuficiente de competitividade, causado pelocusto crescente da energia, pelos gargalos da infraestrutura, pelaestrutura tributária que encarece o preço final dos bens e da mão deobra e os investimentos insuficientes em pesquisa e desenvolvimento. “OBrasil nunca teve liderança tecnológica. Tem hoje liderança tecnológicaem algumas áreas da biotecnologia que são importantes, mas o grandecapital internacional que lidera esses movimentos tecnológicosdissemina esse movimento tecnológico dentro de suas multinacionais”,afirmou o coordenador do Núcleo de Economia da FGV Projetos, Fernando Garcia.Segundoo estudo, mesmo com um cenário que conte com avanços, o desempenho dopaís no mercado mundial de bens manufaturados será modesto, chegando a2,7%. A pesquisa mostra ainda que o comércio internacional de mercadorias está aumentando em ritmo maior doque o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. O total demercadorias comercializadas cresceu 5,3% entre 1990 e 2007 e o de manufaturas, 5%. Já o PIB mundial cresceu 3,7%. “O crescimento é comandado pelos países emdesenvolvimento. O comércio cresce mais do que a economia mundialporque é dinâmico”, disse Garcia. Segundo Garcia, o Brasildependerá, no período estimado no estudo, da exportação de bens primários e precisa melhorar aexportação de produtos com valor agregado. “Isso não depende só de nós,mas do que os outros países querem. Nossas limitações também sãodesenhadas pela estratégia dos outros.”O estudo indicou que,embora as exportações de aço, de máquinas e equipamentos de escritórioe de telecomunicações tenham peso menor no comércio exterior brasileiro,o crescimento anual dessa pauta, no país, será satisfatório.Segundo Garcia, o ponto favorável para aprodução industrial e a expansão de negócios é a escala de produção doBrasil, que acaba atraindo o investimento estrangeiro. Ele disse que,nos próximos 22 anos, o crescimento da indústria brasileira será voltado mais para o mercado domésticodo que para as exportações. Calcula-se que a indústria crescer 4% nesse período. “O Brasil tornou-se, na América do Sul e no Hemisfério Sul, um polo disseminador deprodutos que têm um mercado domésticogrande e crescente. A dinâmica do consumo das famílias e a aquisição debens vão ser mais importantes para o crescimento do que o setorexportador”, concluiu o coordenador da FGV Projetos.