Marco Antonio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A capital federalerguida há 49 anos no Centro-Oeste brasileiro, definidaatualmente como a “terra do concurso público” e nãomais “terra de aventureiros”, faz os indivíduos absorverema característica da meritocracia e aprofunda uma exclusãosocial dentro do Distrito Federal. A avaliação foifeita hoje (21) - data do aniversário da cidade - pelosociólogo Brasilmar Ferreira Nunes, em entrevista àRádio Nacional.“O efeito éque essas elites se sintam mais seguras do que nunca de seusprivilégios, vistos como recompensa de esforço ecapacidade intelectual. Pelo fato de se premiar os mais competentes,outras pessoas não têm como questionar o lugar que ocupamdentro da sociedade. Isso começa se transformar em profundaexclusão social entre o Plano Piloto e as cidades-satélites. Háuma diferença brutal de níveis de renda e salário”,ressaltou Nunes.No plano cultural asdiferenças entre a região central e a periferiaigualmente se acentuam. “No Plano Piloto, temos reproduçãode padrões culturais do Rio de Janeiro e de São Paulo.Evidente que há exceções. Temos espetáculosfora de qualquer nível salarial da maioria, que atendem a umperfil de gosto típico de pessoas de alta renda. Não hánada muito original acontecendo no Plano Piloto. Em contrapartida ,há, nas satélites, uma explosão de experiênciasculturais”, acrescentou Nunes.Segundo o sociólogo,Brasília apresenta uma realidade social com característicaspróprias que a tornam um modelo diferenciado em relaçãoa outras grandes cidades brasileiras. “Brasília éuma cidade particular. É sede do governo federal, tem umacultura muito galgada na competência e eficiência doservidor público. Oferece características deempregabilidade peculiares, de emprego fixo, garantido, saláriosrazoáveis”, descreveu Nunes.