Pesquisadora diz que discriminação é responsável por mulheres terem salários menores

08/03/2009 - 17h39

Da Agência Brasil

Brasília - A pesquisadora Alinne Bonetti, do Programa Nacional  para o Desenvolvimento, do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que a discriminação é aexplicação para a diferença salarial entre homens e mulheres. Essa diferença é mostrada pelapesquisa Mulher e Trabalho, do Departamento Intersindical de Estatísticae Estudos Socioeconômicos (Dieese) em convênio com a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados  (Seade), divulgada no último dia 4.“Não há outra explicação a não ser o teto de vidro que asmulheres ainda não conseguem transpor e que se deve a discriminações. Há toda uma questão cultural, de desconfiança da capacidade dasmulheres; essa desigualdade  é mais difusa, porque está nos valores e é tãoarraigada e tão inconsciente que não se percebe”, afirma Bonetti.O rendimento médio feminino, por hora, corresponde a 76,5%do masculino, segundo a pesquisa. O rendimento médio por hora das mulheres foide R$ 5,76 em 2008 (diminuição de 0,9% em relação a 2007), enquanto o doshomens foi de R$ 7,53 (aumento de 1 % em relação a 2007).“Se a gente compara os dados de mercado de trabalho com osde educação, por exemplo, as mulheres superam os homens no tempo de estudo ena qualificação, mas isso, curiosamente, não se reflete no mercado”, diz a pesquisadora.O rendimento por hora, entre as mulheres, aumentou entre asmenos escolarizadas e diminuiu entre as mais instruídas, enquanto com os homens ocorreu o inverso.Ataxa de desemprego feminina também diminuiu menos que a masculina. Segundo oestudo, a taxa de desemprego total dasmulheres é tradicionalmente maior do que a dos homens e, apesar do nível deocupação das mulheres ter crescido mais que o dos homens no período, oingresso de mulheres no mercado de trabalho foi muito mais intenso.“Isso sempre existiu, tanto a taxa de desemprego ser maiorpara as mulheres quanto os salários serem menores”, afirma Patrícia LinoCosta,  coordenadora da Pesquisa deEmprego e Desemprego em São Paulo.Segundo Costa, a participação das mulheres é maior nossetores de serviços e comércio, que registraram aumentos salariais menores quea indústria e a construção civil, áreas em que predominam os homens.De acordo com a pesquisa  Retratos daDesigualdade 2007, do Ipea, nos últimos 15 anos aumentou o número defamílias chefiadas por mulheres, atingindo 33% em 2007, mas o número de horas que as mulheres sededicam a afazeres domésticos (27,2 horas semanais) ainda é muitosuperior ao tempo gasto pelos homens (10,6 horas por semana).“Pormais que eles (homens) estejam lá no discurso igualitário, quem é chefe defamília é a mulher. No dia-a-dia, eles não se sentem responsáveis pelareprodução, pelo trabalho reprodutivo da família, aí há uma desigualdade” explica Bonetti.Ataxa de participação das mulheres no mercado de trabalho, na região metropolitana de São Paulo, voltou a aumentar depois de três anos e chegou a 56,4%,em 2008 (1,3% maior do que em 2007). Esse aumento da presença das mulheres nomercado de trabalho ocorreu em todos os grupos de idade, escolaridade, raça/core posição no domicílio, atingindo particularmenteas mulheres de 50 a 59 anos, as que tinham pelo menos o ensino fundamental completo e as casadas, segundo o estudo doDieese.