Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores de um prédio de construção irregular no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro, estão sem ter onde morar pois o edifício onde tinham seus apartamentos ameaça desabar.Fortes estalos ouvidos na madrugada de hoje (3) acordaram os moradores do prédio número 72 da Rua Gilka Machado. Assustados, eles deixaram às pressas os 32 apartamentos do edifício de seis andares e passaram a noite em vigília na calçada.Com rachaduras nas paredes do apartamento recém-comprado, por R$ 100 mil, Karina Cerentini não quer mais voltar para o imóvel. “Tenho medo. Tá tudo rachado. Não quero mais voltar, quero outro apartamento”, disse.Atrás do edifício, mais 15 famílias também tiveram que deixar suas casas por causa das rachaduras nas paredes. Os problemas começaram quando o edifício foi construído, há pouco mais de um ano, segundo a moradora Norma Iório, que agora não tem para onde ir.“Eu acordei no meio da noite com uns estouros e quando eu olhei pela janela tava todo mundo do lado de fora. Agora eu não tenho para onde ir”, afirmou.A única solução apresentada pela prefeitura do Rio Janeiro aos moradores foi levá-los para os abrigos públicos, para onde é levada a população de rua.O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) mandou um técnico para verificar as condições em que o prédio foi construído, e verificou que não havia um profissional responsável, planta ou registro no município. Para o engenheiro Abílio Borges, não há dúvida de que a construção é irregular.“É verdadeiramente uma temeridade construir um prédio desse jeito. As próprias autoridades passam por aqui e não vêem que existe um edifício irregular. Amanhã este prédio cai e de quem é a responsabilidade?”, questionou o engenheiro do Crea.A Secretaria Municipal de Urbanismo decide amanhã (4) se os moradores do edifício podem voltar ao local ou se a obra continuará interditada. O construtor responsável tem outros prédios em construção no Recreio dos Bandeirantes. Em um deles há denúncias de que o projeto etem problemas.De acordo com vizinhos do edifício, na rua Edna Corte Silveira, o prédio teria uma inclinação de até 60 centímetros em um dos blocos, prejudicando as casas ao lado, que começaram a apresentar rachaduras. O responsável pela construtora não foi localizado pela reportagem da Agência Brasil para falar sobre o assunto.