Da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 80 mil pacientes que têm problemas renais crônicos dependem de diálise ou transplante de rins para viver. Estima-se que pelo menos cinco mil pacientes, por ano, não conseguem vagas para o tratamento da doença em hospitais e unidades de diálise.Representantes da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (Abcdt) estiveram reunidos com o secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, na busca de soluções para as deficiências na assistência ao paciente renal crônico no país. As entidades apresentaram ao secretário uma lista com três reivindicações: aumento dos honorários médicos para R$ 400; aumento das vagas para hemodiálise, bem como disponibilidade da diálise peritoneal (domiciliar); e a adoção de um modelo de atendimento que inclua a prevenção da insuficiência renal. Segundo o presidente da Abcdt, Paulo Luconi, há algum tempo a entidade vem trabalhando dentro do Ministério da Saúde a situação da terapia renal no Brasil, que sofre um verdadeiro “apagão”. “Existe um número decrescente de pacientes que deveriam estar fazendo diálise”, disse.No Brasil aumenta, anualmente, cerca de 10% de pessoas que necessitam de tratamento de diálise e transplante de rins. No período de 2006 a 2007 somente 3,9% conseguiram atendimento. No ano passado, os hemocentros deveriam ter atendido 8 mil pacientes. Mas a falta de vagas e compressão dos valores pagos pelo Ministério da Saúde, foram alguns dos fatores que impediram o atendimento. “Deveríamos atender a todos, mas não temos como. A doença cresce 10%, mas só conseguimos atender 4%. Com isso, consequentemente, existe um grande número de pessoas doentes que estão morrendo por falta de tratamento, ou estão nas emergências dos hospitais públicos, a espera de tratamentos adequados”, afirmou Luconi.O Ministério da Saúde vai conceder um aumento de 10% em recursos para ser aplicados nos centros de hemodiálises. De acordo com Paulo Luconi, esse valor é insuficiente, mas sugeriu que esse valor seja recomposto aos poucos. Além disso, a Abcdt quer a inclusão no sistema de saúde de tratamento para pacientes que não precisem de diálise, ou seja, pacientes que têm pequenas alterações no funcionamento do rim. “Se esses pacientes receberem um atendimento adequado nós conseguiremos amenizar a progressão da doença renal, assim evitando que estes venham a precisar de hemodiálise”, disse. Existem no país cerca de 600 centros de hemodiálise, mas o número de vagas que é oferecido não é suficiente. Luconi ressalta que as vagas deveriam aumentar de acordo com a quantidade de pacientes, ou seja, se a doença cresce 10% o atendimento deveria crescer na mesma proporção.