Mais de 50% dos atendimentos a crianças no SUS devem-se a quedas, diz pesquisa

17/01/2009 - 10h58

Beatriz Arcoverde
Repórter da Rádio Nacional
Brasília - Mais da metade dosatendimentos de crianças de até nove anos nasemergências dos hospitais ligados ao Sistema Único deSaúde (SUS) estão relacionados a quedas. Áconclusão é de uma pesquisa feita pelo Ministérioda Saúde, como parte do Sistema de Vigilância deViolência e Acidentes (Viva). As informaçõesforam coletadas em 84 unidades de urgência e emergênciaem 37 municípios brasileiros, entre setembro e outubro de2007. O levantamento mostra que, dos 10.988 atendimentos, 5.540 foramprovocados por quedas.

Segundo a coordenadorado Departamento de Análise de Situação de Saúde,Deborah Malta, que é pediatra, 69% das crianças seacidentam em casa, “e com eventos bastante comuns: elas caem domesmo nível, ou seja, tropeçam; correndo elas seacidentam; caem de móveis altos, como camas e sofás.Enfim, são ocorrências normais e que poderiam ser, namaioria das vezes, evitadas.”O motorista João Klimontovix,que mora na Cidade Estrutural, uma área de risco no DistritoFederal, pai de três filhas pequenas, diz que, embora estejasempre atento, os acidentes acontecem. “Às vezes, recebotelefonemas de casa contando que as crianças estãomuito agitadas, elétricas, e até mesmo que semachucaram. Por isso, fico muito preocupado, com muita atenção,porque a todo momento é preciso observar as crianças.Mesmo assim, elas já bateram com o rosto, cortaram a bocaalgumas vezes.”Um exemplo de criança agitadaé Mirian Batista, de 7 anos, que não pára. Elamesma conta como se machuca: “Eu corro, brinco de pique-esconde,subo em cima dos tijolos, do muro. Aí, eu subo e caio,machuco, mas eu não choro...”No Distrito Federal, o Núcleode Estudos e Programas para Acidente e Violência editou umacartilha em forma de gibi, mostrando os riscos de acidentes e comoprevenir o problema. “Essa cartilha foi feita para ser distribuídanas escolas, para as crianças evitarem problemas comoafogamentos, quedas e choques', disse a chefe do núcleo,Laurez Vilela.Ela ressaltou, porém, queexistem cuidados básicos que podem evitar acidentes e citoualguns deles: “Colocar tampões nas tomadas, ou atémesmo uma fita adesiva, retirar tapetes de áreas de circulaçãoe manter as janelas protegidas com grades ou redes.”Os especialistas afirmam que ascrianças precisam de liberdade para brincar, mas destacam quea supervisão de um adulto é essencial para evitaracidentes graves.