Indústria de máquinas e equipamentos sofre com inadimplência e queda nas vendas

15/01/2009 - 18h34

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Ainadimplência e a queda nas vendas viraram rotina para asempresas que fornecem máquinas e equipamentos para asindústrias brasileiras, o que, na avaliação derepresentantes do setor, é um reflexo da crise financeiramundial, que atingiu em cheio a confiança dos empresáriose o mercado de crédito no exterior e no Brasil.De acordo com o vice-presidente da AssociaçãoBrasileira de Indústrias de Máquinas e Equipamentos(Abimaq), Carlos Nogueira, as empresas enfrentaram queda que devechegar a 26% nas vendas no último trimestre de 2008. Osnúmeros referentes a dezembro de 2008 ainda não foramfechados, mas estima-se que as vendas fiquem 12% abaixo do volumecomercializado em novembro, mês que registrou queda de 14% emrelação a outubro. “As mudanças têm ocorrido de formamuito rápida. Temos um aumento de inadimplência e umaqueda muito brusca. Essa queda vem ocorrendo de forma generalizada.Basicamente, todos os setores deixaram de comprar, por adiamento deprojetos, ou mesmo, cancelamento de projetos. Foi uma queda muitoabrupta, que ainda está acontecendo”, afirmou Nogueira.Na próxima semana, representantes do setorse reunirão com o ministro do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior, Miguel Jorge, e com o presidente do BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), LucianoCoutinho. A principal reivindicação dos empresáriosé por melhores condições de crédito. “Com o crédito sendo liberado aconta-gotas, como está ocorrendo, muitas empresas vãofechar as portas”, disse Nogueira. “Não adianta um bancopúblico oferecer dinheiro com juros de 3% ao mês, comovem ocorrendo. Uma empresa que toma um empréstimo desse nãovai sobreviver. Vai trabalhar apenas para pagar a dívida”,reclamou.A queda nas vendas tem provocado demissõesem um setor que há quase dois anos apenas contratava. Deacordo com Nogueira, o mês de novembro de 2008 inaugurouresultados negativos que não vinham se registrando naindústria de máquinas desde agosto de 2006. “Emnovembro do ano passado, tivemos quase 2 mil demissões, umresultado negativo que não foi registrado nos 22 mesesanteriores”, destacou.As demissões prosseguiram e, de acordo cominformações da Abimaq, o mês de janeiro poderásuperar o número de dispensas registrado em novembro. “Nestemês estão ocorrendo demissões. Não tenhonúmeros ainda, mas tenho ouvido de associados nossos que estãofazendo demissões. O mês de janeiro, tradicionalmente,não é um bom mês para vendas, mas este estásendo pior”, considerou.As vendas no setor de máquinas eequipamentos servem como parâmetro para medir a atividadeindustrial, já que as empresas do setor fornecem meios deprodução para as fábricas e empresas produtorasde bens de consumo. A Abimaq representa atualmente cerca de 4.500empresas dos mais diferentes segmentos fabricantes de bens de capitalmecânicos.Segundo Nogueira, segmentos como o de produçãode autopeças estão em situação crítica,mesmo depois que o governo beneficiou o setor automobilísticocom a isenção do Imposto sobre ProdutosIndustrializados (IPI) para carros populares e reduçãodas alíquotas em até 50% para outros tipos deautomóveis . “Tenho visto nos jornais que a isençãodo IPI fez com que as vendas aumentassem, mas as montadoras estavamcom o estoque muito grande e ainda há muitos carros nospátios. Até agora, as montadoras não estãosolicitando peças”, destacou. Já o setor agrícola, de acordo comNogueira, que enfrentou dificuldades no ano passado, atualmentereclama porque os problemas se agravaram. “A agricultura jávinha tendo um ano ruim e agora, está pior. É um setorque depende da liberação de verbas do governo e dascondições de endividamento dos agricultores. Oendividamento está alto, e o governo parece que estácom um certo atraso na liberação dos recursos”,comentou. “A indústria de açúcar eálcool, por exemplo, adiou projetos e vem tendo dificuldadesna renegociação de preços”, concluiu Nogueira.