Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de46% das vítimas de intoxicação por produtos delimpeza em 2008 foram crianças e adolescentes com menos de 12anos. Estatísticas divulgadas pelo Sistema Nacional deInformação Tóxico-Farmacológica(Sinitox), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revelam que dos11.896 casos registrados em todo o país, 5.512 atingiram essafaixa etária.
Naavaliação da coordenadora do Sinitox, Rosany Bochner,as crianças costumam ser as maiores vítimas desse tipode intoxicação por falta de cuidado dos adultos emseguir recomendações de segurança, muitas vezesindicadas nos rótulos.
“Umadas principais orientações é manter [os produtos de limpeza] fora doalcance de crianças, mas, pelo visto, os pais não estãotomando esse cuidado porque continuam existindo muito casos deintoxicação em crianças. As embalagens sãofacilmente abertas, e a criança pode abrir e ingerir emquantidade. Como crianças de até cinco anos nãotêm paladar apurado, podem até beber águasanitária sem fazer cara feia”, relatou a coordenadora, ementrevista à Rádio Nacional da Amazônia.
Autilização de produtos de limpeza clandestinos,geralmente produzidos em fábricas de fundo de quintal, éum fator preocupante e que aumenta os riscos de intoxicação,segundo Rosany Bochner. “De um tempo para cá houve, umaenxurrada desses produtos. Muitos são colocados em garrafas derefrigerante, o que gera um monte de confusão. Às vezesaté os adultos confundem e acabam ingerindo”, afirmou.
De acordocom a pesquisadora da Fiocruz, o tratamento de intoxicaçõespor produtos sem registro é mais complicado “porque osmédicos não sabem o que tem dentro do frascosclandestinos”.
Alémdas crianças e adolescentes, as donas-de-casa tambémsão vítimas freqüentes de intoxicaçãopor produtos de limpeza, principalmente por causa da mistura entre asfórmulas. “Na ânsia de limpeza, elas tendem a misturaralguns produtos. É muito perigoso, há produtos que, misturados, desprendem gases, por exemplo. São produtosquímicos”, alertou.
Afacilidade de compra desses produtos diminui a preocupaçãoda população em relação aos riscos, naavaliação da coordenadora. “Talvezpela possibilidade de comprar em supermercado, as pessoas banalizamesse risco. Se esses produtos fossem comprados de uma maneira maisdifícil, com mais controle, talvez as pessoas tivessem maiscuidado.”
Em caso de intoxicação por produtos de limpeza ououtras substâncias como medicamentos, por exemplo, aorientação da Fiocruz é telefonar para o número0800 722 6001. As ligações são encaminhadas paraum dos 37 Centros de Informação e AssistênciaToxicológica do país.