Evo vence referendo, mas Bolívia segue dividida

30/12/2008 - 20h21

Da Agência Brasil

Brasília - Opresidente da Bolívia, Evo Morales, venceu o referendorevogatório realizado em agosto de 2008, mas seu governo nãosaiu fortalecido. Dos nove departamentos bolivianos, Morales venceuem seis (Chuquisaca, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosí ePando) e perdeu em dois (Santa Cruz e Beni). No departamento deTarija, foi registrado empate técnico.Uma crise políticadividiu o país, com confrontos entre governistas eoposicionistas nas ruas das principais cidades bolivianas. Atos deviolência e vandalismo atingiram instalações daempresa estatal Yacimientos Petroliferos Fiscales Bolivianos (YPFB),comprometendo o fornecimento de gás para o Brasil. Umaexplosão, no Departamento de Tarija, causou danos em parte deum gasoduto, o que provocou a suspensão parcial doabastecimento do mercado brasileiro.Ogoverno brasileiro acompanhou a crise na Bolívia compreocupação, mas esclareceu que não reconhecerianenhum governo que assumisse o poder por meio de um golpe de Estado. "Quandohá situação de agravamento, as pessoas podemsofrer duas tentações. Levar o enfrentamento àsúltimas conseqüências. Essa é a piorsolução. E a outra possibilidade é que aspartes entendam que só há um caminho, o da negociação",disse o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência daRepública, Marco Aurélio Garcia, em entrevistacoletiva, durante a crise.Garcia classificou de "terroristas" os ataques àsinstalações para fornecimento de gás para oBrasil. “Não estou caracterizando a oposiçãoboliviana como terrorista. São atos terroristas e espero quesejam condenados pelos prefeitos da Media Luna, região emconflito com o governo central. Esses atos são intoleráveis”,explicou. Emmeio à crise, o governo da Bolívia expulsou oembaixador dos Estados Unidos, que reagiu no mesmo tom. Emretaliação, o governo norte-americano seguiu oprincípio diplomático que prevê reaçõessemelhantes em casos de hostilidade e expulsou o embaixador bolivianodos Estados Unidos.Umacordo entre governo e oposição com mais de cemmudanças na nova Constituição boliviana e umreferendo em 25 de janeiro para ratificar ou não o texto pôsfim aos conflitos.