Crescimento do setor de energia sofrerá desaceleração

06/12/2008 - 18h01

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O planejamento dos investimentos em relação à oferta de energia elétrica futura vai incorporar a retração da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) prevista pelos analistas do governo e do mercado para 2009, diante da crise financeira internacional. Com a percepção de que o mercado vai crescer a taxas menores, as distribuidoras deverão contratar menos energia. A avaliação é do economista Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ). “Em relação ao nível de expansão da oferta, eu não tenho nenhum problema com relação a essa crise, porque o próprio modelo ajusta”, disse, em entrevista à Agência Brasil.Castro afirmou que outro eventual problema, referente ao financiamento para os empreendimentos ofertados nos leilões de energia, já foi sanado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “O BNDES, de certa maneira, já mitigou essa dificuldade do empreendedor e dos consórcios conseguirem financiamento.”Isso ocorreu por meio da abertura de novas linhas de crédito pelo banco para o setor elétrico. Antes da crise, o BNDES só financiava a obra de construção das usinas. Agora, a instituição abriu  um empréstimo ponte  para  facilitar o início da obra, além de uma linha de crédito para importação de equipamentos.O economista da UFRJ advertiu  que o custo de financiamento dessas linhas vai ser maior, ou seja, as taxas de juros serão mais elevadas, “porque a garantia não é mais a garantia da obra, e, sim, a garantia da empresa que está no consórcio. Então, são juros mais caros. Mas, pelo mecanismo do preço do teto e do deságio no leilão, eu faço esse ajuste”. Sobre a oferta de energia no setor elétrico, Castro destacou outro instrumento importante do Estado brasileiro para garantir a realização de todos os leilões. “Ele [governo] tem o Sistema Eletrobrás como instrumento de política energética. Ele estimula que as empresas do grupo Eletrobrás formem consórcios”. Segundo o economista, a capacidade do grupo Eletrobrás de alavancar recursos garante a realização dos leilões de energia. “Isso mostra como o marco regulatório está sólido.”Em relação ao licenciamento ambiental, o coordenador do Gesel afirmou que esse problema será resolvido gradativamente, na medida em que a regulação do licenciamento for se consolidando. “Cada vez eu vou ter mais claro qual é o tipo de exigência  que a legislação pede em relação ao aproveitamento hidrelétrico, dentro da nova lei ambiental. É questão de tempo.”