Rio do Sul escapou da tragédia que atinge a vizinha Blumenau

28/11/2008 - 14h51

Jorge Wamburg
Enviado especial
Goiânia - Situada a 200 quilômetros deFlorianópolis e a apenas 90 de Blumenau, o municípiocatarinense de Rio do Sul não foi atingida com a mesmaintensidade pelos temporais que causaram mortes e deixaram milharesde pessoas desabrigadas nas duas cidades vizinhas. Em 1983 e 1984,entretanto, os moradores de Rio do Sul viveram drama idêntico:a água cobriu 100% da área urbana da cidade e houvevítimas e sérios prejuízos.O relato foi feito hoje (28) peloprefeito de Rio do Sul, Milton Hobus, em palestra no 14ºCongresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais, que seráencerrado à noite no Centro de Convenções deGoiânia. Segundo o prefeito, desta vez, a únicaanormalidade no município foi um pequeno deslizamento deterra, sem vítimas ou danos sérios.Rio do Sul fica na regiãocentral de Santa Catarina, no Alto Vale do Itajaí. A regiãoconcentra minifúndios agrícolas onde houve algunsproblemas, disse Hobus. “Mas tivemos a sorte de as chuvas nãoterem sido tão intensas quanto as ocorridas na regiãodo Médio Vale, a região de Itajaí e Blumenau emunicípios em volta.”A reconstrução dascidades atingidas depende muito da solidariedade do povo brasileiro“e também da classe política, envolvendo governocentral e governo do estado”, afirmou o prefeito. “Nessas horas éque o povo brasileiro mostra o seu valor, é muito solidário.”De acordo com o prefeito, em Rio doSul, os rios estão controlados e há um bommonitoramento das barragens acima do município. “O problemaque aconteceu na região do Médio Vale foi a intensidadedas chuvas, que atingiram mais de 800 milímetros em dois diasapenas, quando o pico de chuvas para todo o mês de novembro naregião era de 173 milímetros.”Com aproximadamente 60 milhabitantes, Rio do Sul é uma cidade-pólo damicrorregião do Alto Vale do Itajaí, onde vivem 250 milpessoas. A atividade econômica da cidade é muitodiversificada: destacam-se um forte pólo industrialmetal-mecânico e de vestuário muito forte, muitasempresas de agronegócio e um comércio de grande porte.É também uma cidade universitária, com mais de20 cursos superiores.As atividades em Rio do Sul nãoforam afetadas pelas chuvas: “A água desce, vocêlimpa, e a vida continua. O problema, além da água,foram os deslizamentos que provocaram tantas mortes, deixaram muitasregiões sem acesso. Por isso, o estado está parado”,enfatizou o prefeito.Para o presidente da ConfederaçãoNacional de Jovens Empresários, Marcelo Azevedo dos Santos, atragédia das chuvas em Santa Catarina é “mais umaoportunidade para o povo catarinense mostrar que éempreendedor” e retomar o crescimento econômico, logo que osrios baixem. Ele baseia sua afirmação em acontecimentossemelhantes – “pelo menos quatro enchentes e um vendaval emCriciúma [SC]” – que custaram vidas e prejuízos,mas não impediram o estado de voltar progredir.Do ponto de vista humanitário,Marcelo, catarinense de Florianópolis, mas radicado emTocantins, ressalta a necessidade de ajuda ao povo de Santa Catarina.Para isso, destacou, a Confederação Nacional de JovensEmpresários instalou um stand no Centro de Convenções onde estão sendo recebidas doações para asvítimas das enchentes.O empresário apontou doisfatores para explicar a tragédia catarinense: o primeiro éque, em Blumenau, não há muita alternativa, por causada combinação das intempéries com a localizaçãoda cidade, às margens do rio Itajaí-Açu, que éperiodicamente dragado e já foi até alargado paradiminuir as enchentes. Quanto ao município de Itajaí, oproblema seria de gestão governamental: não houvedragagem do rio na foz e, por causa do porto, as construçõesafunilaram a vazão do rio. Além disso, o crescimento dacidade não considerou as áreas de risco e córregosforam fechados por tubulações de esgoto, completouMarcelo Santos.