Comunidades ribeirinhas comemoram resultado de pesca controlada de pirarucu

21/11/2008 - 16h58

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Pescadores das comunidades ribeirinhas Viva Bem e SãoJoão do Araçá, a cerca de 180 quilômetros de Manaus, vão garantir um lucro extra para suas famílias. Eles participaram essa semana da pesca manejada (controlada) de pirarucus emItacoatiara (AM).Depois de realizar a contagem e a retiradade aproximadamente 3,5 toneladas de pirarucus do lago Babaçu,localizado nas proximidades do rio Arari, os pescadores trabalham satisfeitos nesta sexta-feira (21),no mercado municipal de Itacoatiara, buscando comercializar o produto.Toda atividade está sendo acompanhada pelo Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo CentroEstadual de Unidades de Conservação (Ceuc), da Secretaria de MeioAmbiente Desenvolvimento Sustentável (SDS) do Estado do Amazonas.Desde 2006, 60 pescadores dessas comunidades recebem orientaçãopara entender como ocorre o ciclo de vida dos pirarucus – uma dasespécies pesqueiras do Rio Amazonas ameaçadas de extinção. O objetivo égarantir que a pesca da espécie seja realizada de forma a nãoprejudicar os períodos de reprodução e o desenvolvimento dos peixes."Eles sãoorientados sobre meses adequados para retirada do peixe, comoidentificar qual é adulto e qual é filhote e para não desrespeitar o períodode reprodução e de crescimento desses peixes, visando a continuidade daespécie nos rios amazônicos", explicou o engenheiro de pesca do Ceuc,Gelson Batista.A primeira pesca manejada em Itacoatiara resultou na retirada deapenas 24 peixes, o equivalente a uma tonelada. Em 2007, segundo dadosdo Ceuc, foram pescados no local 550 pirarucus. Este ano, o número depeixes autorizados para pesca subiu para 650. A pesca de 2008 nomunicípio foi realizada entre as últimas terça (18) e quinta-feira (20).Segundo Batista, o acompanhamento do Ibama, Ceuc e do Grupo deTrabalho Amazônico (GTA) aos pescadores tem possibilitado um acréscimono quantitativo de pirarucus no Amazonas."O aumento no númerode peixes pescados reflete o êxito do trabalho de manejo que vem sendorealizado. As comunidades estão mais conscientes quanto aos períodosapropriados para pesca e, com isso, respeitam os ciclos de vida dospirarucus", destacou.Do total de pirarucus pescados este ano, 15% foi destinado aocomércio nas comunidades ribeirinhas que participam da ação. Em Manaus,o quilo dopeixe custa, em média, R$ 17. Já em Itacoatiara, o valor caiu para R$ 8e, nas comunidades ribeirinhas, para apenas R$ 4. Segundo a direção doIbama, os valores inferiores em relação ao preço da capital também sãouma forma de estimular o consumo do pirarucu, considerado como um peixenobre - "o bacalhau da Amazônia".Por lei estadual e federal, a pesca da espécie no estado é proibidadurante o ano inteiro. A autorização para esse tipo de pesca, contudo,é válida em determinadas áreas, como na Reserva de Desenvolvimento(RDS) de Mamirauá, em Tefé e Silves, desde que autorizada pelos órgãosambientais envolvidos na ação de manejo."Respeitando as regras de manejo, obviamente chegamos a umresultado positivo que pode ser comprovado pelo aumento dos números depirarucus nas áreas onde a pesca é controlada", finalizou Batista.