Com juros altos, bancos só querem emprestar ao governo, diz professor

10/11/2008 - 12h01

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasil precisa equilibrar o descompasso que se verifica no momento entre a política fiscal, que está correta, e a política monetária, reduzindo os juros, de forma a estimular o setor produtivo.A recomendação é do economista José Luiz Oreiro, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasilia (UnB). Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional. Para ele, a taxa de juros anual, a Selic, deveria ter sido reduzida em um ponto percentual, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), há duas semanas, e não mantida em 13,75% ao ano."Teria sido um estímulo importante para a economia interna" defende o professor, ao argumentar que "enquanto isso, nos Estados Unidos, a taxa de juros já caiu para 0,5% e o Banco Central Europeu, que sempre foi bastante conservador na questão, também vem reduzindo substancialmente a taxa" para os países da região. Para o professor, os bancos comerciais brasileiros deveriam voltar a fazer empréstimos ao setor produtivo, mas "num clima de incerteza, com juros muito altos, só acham interessante emprestar ao governo. Só com o equilíbrio coordenado entre as políticas fiscal e monetária é que o país poderá chegar a um crescimento de 4% em 2009".A decisão de reduzir juros foi a primeira medida mais importante tomada pelos Estados Unidos ante a crise financeira, lembra o economista. Segundo ele, as reduções começaram em um momento em que a crise ainda não está mostrando seu lado real, o que só vai acontecer nos próximos meses, embora já esteja acontecendo queda no nível de consumo da população americana.