Dirigente de entidade reclama de campanha contra os circos

05/11/2008 - 21h09

Kátia Buzar
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Denúnciasinfundadas de maus-tratos a animais têm feito com que muitagente deixe de trabalhar em circos, afirmou hoje (5) avice-presidente da União Brasileira dos Circos Itinerantes(UBCI), Marlene Querubim, que representa 2.500 circos e mais de 70mil empregos diretos e indiretos em todo Brasil. Ela esclareceu que écontra castigar os animais, mas ressaltou que casos isolados deviolência não podem servir para incentivar campanhascontra os circos.

Naterça-feira (4), o assessor do Ministério do MeioAmbiente José Maurício Padroni afirmou que a pasta éradicalmente contra a exposição de animais em circos.Ele fez a declaração após encontro comrepresentantes de diversas entidades e de organizaçõesnão-governamentais (ONGs) que entregaram o vídeo StopCircus Suffering, com imagens de maus-tratos a animais usados emapresentações circenses no Brasil e em outros países.

Omaterial faz parte da campanha internacional que defende o fim do usode animais em circos no Brasil e em outros países. Asentidades que apóiam a iniciativa pedem que o CongressoNacional aprove o projeto que prevê a proibiçãode circos com animais em todo o território nacional.

Marlenelembrou que o circo está no imaginário do brasileiro.“Que criança não sonhou fugir com o circo?” Elaprópria fez isso, ao fugir com o CircoVostok, quando eraadolescente. Desde então, nunca mais deixou a vida circense,na qual está há mais de 30 anos.

Hoje, elaé dona do Circo Espacial, um dos maiores do Brasil, que contacerca de 200 funcionários e não tem sequer um animal.“Justamente por isso me sinto à vontade para defender a causa, uma vez que não terei nenhum benefício particular. Oque não pode acontecer é não termos o direito detrabalhar por causa dessas denúncias, na maioria das vezesinfundadas. Muitos vídeos são pura armaçãoe são divulgados sem nenhum critério de avaliação.”

De acordocom ela, em algumas campanhas são usadas faixas pedindo àpopulação para não assistir aos espetáculos dos circos. “Sem bilheteria, estamos fadados àfalência. Por isso, grandes circos, como o Garcia, o Roma e oNápoli, já fecharam.” A dona do Circo Espacial disseque a falta de dinheiro pode ser uma das causas que levem os donosdos circos a não cuidar direito dos animais.

Marlenerecordou também que a profissão de domador éregulamentada pela Lei 6533/78. Segundo ela, a comunidade circensepretende agora é promover uma campanha em defesa do circo. “Queremos ser parceiros do Ibama [Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Queremos queseja legalizada a permanência de animais no circo, com normasespecíficas, como espaço para eles, alimentaçãoadequada e consultas regulares a veterinários.”

“Se formosproibir animais nos circos temos que proibir também na políciae nos bombeiros. O que não pode é ter dois pesos e duasmedidas”, afirmou Marlene.