Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Quase onze meses após o roubo das obras Lavrador de Café, do pintor brasileiro Candido Portinari, e o Retrato de Suzanne Bloch, do espanhol Pablo Picasso, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou hoje (5) seu novo sistema de segurança, considerado um dos mais avançados do mundo. Além de capturar imagens, o sistema também monitora todas as áreas do prédio inclusive os antigos “pontos cegos” do Museu, que não tinham vigilância.“Com certeza o Masp é hoje, também com as parcerias com a Polícia Militar e com a contratação de uma empresa de segurança armada, o museu mais seguro do país”, disse Fernando Pinho, superintendente do Masp.O equipamento instalado é todo digital, substituindo o antigo sistema de segurança que, segundo Pinho, funcionava com câmeras analógicas e fitas cassetes. Ao monitorar todos os ambientes do museu, as câmeras vão permitir aos operadores identificar em tempo real situações de roubos e furtos de obras ou até mesmo de objetos abandonados. Segundo Pinho, no momento em que uma obra for furtada, a Polícia Militar será avisada instantaneamente sobre a ocorrência.O novo sistema do Masp, doado pela empresa LG Security System, tem investimento estimado em mais de R$ 1 milhão e é composto por 96 câmeras e sete monitores de alta definição. Além de movimentarem-se, algmas das câmeras "falam”, comunicando ao desavisado visitante do museu que ele está ultrapassando a linha de segurança que o mantém a uma distância ideal da obra.“Um sistema de segurança como esse não tem por objetivo evitar apenas o roubo ou furto das obras. Também se quer evitar atos de vandalismo", afirmou o curador do Masp, José Teixeira Coelho.Para ele, o novo sistema, “é extremamente benéfico" para a obra e educativo para o público. "O fato é que a simples presença das pessoas num ambiente onde está exposta uma obra de arte pode ser teoricamente nociva a ela [à obra]. Aproximar-se demais das obras, tocá-las para querer entender aquilo a que se propõem, prejudica enormemente a estrutura e a condição da obra”, explicou o curador. Além das inovações, a assessoria do museu informou que o Masp dispõe, desde o início do ano, de guardas armados, detector de metais e de uma cabine e uma viatura da Polícia Militar instalados no vão livre do museu e de câmeras de longo alcance e uma base fixa da Polícia Militar posicionadas na Avenida Paulista.O Masp foi roubado na madrugada de 20 de dezembro do ano passado e astelas de Picasso e de Portinari foram encontradas pela polícia edevolvidas ao Museu no início deste ano. Também esse ano, quatro obrasforam roubadas da Estação Pinacoteca, localizada no centro da capitalpaulista.No ano passado, o Masp recebeu mais de 624 mil visitantes e esperareceber outros 600 mil até o final deste ano. O Museu foi fundadoem 1947 por Assis Chateaubriand epelo crítico e jornalista Pietro Maria Bardi. Segundo o curador doMuseu, o Masp tem hoje oito mil peças.Uma nova diretoria para o museu foi eleita na última segunda-feira (3). João Vicente de Azevedo vai assumir a presidência do espaço cultural que vinha sendo ocupada pelo arquiteto Julio Neves nos últimos 14 anos.