Depois de denúncia, Frateschi deixa Funarte e diz que faltou respaldo do Ministério da Cultura

07/10/2008 - 22h08

Morillo Carvalho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ator Celso Frateschi pediu demissão da presidência da Fundação Nacional de Arte (Funarte) ontem (6), depois da veiculação de uma denúncia em jornais de grande circulação a respeito de suposto favorecimento à companhia teatral Ágora em editais do Ministério da Cultura. “É uma acusação extremamente grave, em que me senti completamentedesrespaldado pelo ministério porque a decisão de aprovar o tipo deprojeto do qual a Ágora se encaixava não foi uma decisão da Funarte,foi uma decisão do ministério.”Questionado se a falta de respaldo teria ligação com a mudança no comando do ministério – recentemente, Gilberto Gil deixou a pasta e deu lugar a Juca Ferreira –, Frateschi apenas respondeu que havia sido "chamado pelo ministro Gil”. O ex-presidente da Funarte afirmou ainda que se sentiu “bastante isolado” no episódio da denúncia. A Agência Brasil tentou entrar em contato com a assessoria do ministro da Cultura, mas até o fechamento da reportagem não foi possível obter uma resposta. A Funarte é uma das entidades responsáveis por analisar projetos que precisam captar recursos e que são entregues ao governo. No ano passado, depois de uma greve, cerca de 4 mil processos ficaram acumulados na fundação. Depois da paralisação, segundo Frateschi, a prioridade na análise dos documentos foi dada para os projetos que já tinham sinalização de interesse de patrocinadores.“O Ágora tinha uma manifestação da Petrobras desde julho, porque setratava de um projeto de continuidade, que a Petrobras já tinha apoiadono ano anterior, quando eu não estava nem pensava em trabalhar naFunarte. E o projeto passou por todos os trâmites legais para seraprovado”, disse.O pedido de renúncia também foi motivado por uma carta que a Associação de Servidores da Funarte (Asserte) enviou a Juca Ferreira e na qual acusava a gestão de Frateschi de intimidar funcionários, com desrespeito e assédio moral.“São declarações completamente infundadas de um grupo de 15 funcionários que fizeram uma assembléia, tiraram essa carta e que, infelizmente, o ministério deu ouvido a eles. Essa é uma das razões do que eu considero uma situação de desconfiança que não me permite mais permanecer no cargo”, pontuou. A Asserte não respondeu ao pedido de entrevista para esta reportagem.