Economistas avaliam que crise só acabará com ação coordenada entre países

07/10/2008 - 21h26

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Ações individuais de determinados países e da União Européianão resultaram no fim da crise econômica mundial e das seguidas quedas nas bolsasde valores, segundo avalição do economista e professor da TrevisanEscola de Negócios, Alcides Leite. Hoje (7), após a Bolsa de Valores de SãoPaulo (Bovespa) registrar a quarta baixa seguida, ele afirmou que sóuma ação coordenada entre bancos centrais de países desenvolvidos resolverá oproblema, que já tem proporções globais.“Existe um incêndio [a crise] no mercado e os bombeiros[os bancos centrais] estão agindo”, afirmou em entrevista à Agência Brasil.“Porém, só uma ação conjunta de todos os atores dará o resultado esperado.”Segundo ele, só agora, com a crise mostrandosuas conseqüências mais fortes, é possível saber o tamanho real doproblema dos bancos e avaliar a sua dimensão, inclusive, se foi suficiente a ajuda de U$ 700 bilhões que os EstadosUnidos concedeu aos bancos.De acordo com ele, existe no mundo uma carteira de créditode cerca de U$ 50 trilhões. Destes, cerca de R$ 3 trilhões estariam “podres”.Os Estados Unidos já decidiram comprar cerca de U$ 1 trilhão. A economianorte-americana, junto com a européia e a japonesa, na avaliação de Leite, precisa agora achar umasolução para os U$ 2 trilhões restantes.“Os governos das economias desenvolvidas têm dinheiro emreservas para isso. Acredito que, nós próximos dias, eles devem se reunir eacertar o plano de ação.”Porém, Leite afirmou que, enquanto, a ajuda conjunta nãovem, os dias de “pânico” devem perdurar. Segundo ele, como o momento é ruim, aincerteza da economia afugenta investidores, que vendem suas ações e rumam parainvestimentos seguros.O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidadede São Paulo (FEA-USP), Alexsandro Broedel, também acredita que os dias ainda serão difíceis no curto prazo.Para ele, toda a ajuda anunciada não surtiu o efeito esperado e omercado acabou não reagindo bem.Ele também acredita que a crise só pode ser superado com uma ação coordenada. “Uma crise de crédito atinge atodos. Se o problema é este, ninguém vai resolver sozinho, nem oBrasil”, disse Broedel.