Taxa de mortalidade por acidentes com moto aumenta 475% em dez anos

26/09/2008 - 21h10

Vinicius Konchinski
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A taxa de mortalidade das vítimas de acidentes de motoregistrados nas capitais brasileiras mais que quintuplicou de 1996 a 2005. Deacordo com uma pesquisa divulgada hoje (26) pela Associação Brasileira de Medicinade Tráfego (Abramet), no primeiro ano da série de dez, 0,4 pessoa para cadamil habitantes das 27 capitais do país morreram devido a lesões causadas poracidentes de motocicletas. Já Em 2005, a taxa atingiu 2,3 pessoas para cada milhabitantes - crescimento de 475% durante o período.Segundo as pesquisadoras Maria Helena Jorge e Maria Koizume,duas das autoras do estudo denominado Acidentes de Trânsito no Brasil: ASituação das Capitais, um dos motivos da alta é o aumento da frota de motosnas capitais. A pesquisa apresentada por elas aponta que, de 2002 a 2006, onúmero de motos para cada mil habitantes subiu de 26,4 para 39,8 - aumento decerca de 50%. De acordo com elas, o crescimento da frota de motos provocou o aumento do número de mortos e feridos em acidentes com esse tipo de veículo.Ainda segundo o estudo, as quatro cidades com maiornúmero de motos para cada habitantes ­­- Boa Vista (RO), Goiânia (GO), Palmas(TO) e Campo Grande (MS) - são justamente as que têm o maior índice de mortos emacidentes envolvendo o veículo em 2005. Palmas (TO) é a campeã em mortalidade,com taxa de 9,6 para mil habitantes, e tem a terceira maior taxa de frota: 93,6motos para cada mil habitantes.Palmas e as outras três capitais também têm as mais altastaxas de mortalidade por acidente de trânsito envolvendo todos os veículos. Apesar de ter um dos trânsitos tidos como um dos mais violentos do país,São Paulo é a 23ª colocada no ranking de mortalidade composto pelas 27 capitais: 14,3mortes por mil habitantes por ano.Para Maria Helena, os dados do estudo comprovam que otrânsito tem que ser encarado também como um problema de saúde pública. “Asmortes por acidente fazem com que nossa expectativa de vida não suba da formaque poderia subir. As vítimas de acidentes congestionam as filas dos hospitais;e os gastos com o tratamento têm impacto nas contas do SUS [Sistema Único deSaúde]”.A pesquisadora afirma ainda que cerca de99 pessoas morreram por dia no país, vítimas de 1.050 acidentes de trânsito (motos, carros e outros veiculos)registrados diariamente em 2005. “É o mesmo que um avião caindo no país tododia.”