Crise nos EUA está longe do fim, segundo especialistas

17/09/2008 - 22h34

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A crise nos EstadosUnidos, cujo capítulo mais recente foi a quebra do LehmanBrothers, quarto maior banco de investimentos daquele país,ainda está longe do fim, afirmam especialistas consultadoshoje (17) pela Agência Brasil.A falência doLehman Brothers foi um capítulo à parte na crise porque oFederal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, nãoemprestou dinheiro para evitar a concordata do banco. "O mercadoentendeu isso como uma mudança de rota e se assustou com adecisão [do Fed]", explica Tharcisio Bierrenbachde Souza Santos, diretor do curso MBA da FundaçãoArmando Álvares Penteado (FAAP) de São Paulo. Em março,o Fed emprestou dinheiro para que o banco JP Morgan comprasse o quasefalido Bear Stern."A inadimplênciano crédito afetou a saúde financeira dos bancos e issodesencadeou a crise na bolsa", explica o professor AntonioCorrea de Lacerda, do departamento de Economia da PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A crise,lembram os especialistas, foi provocada por problemas no mercadoimobiliário americano."Guardadas as devidasproporções, esta crise tem o tamanho e a gravidade dacrise de 1929", acredita Santos. Ele explica que o mundo hojeestá mais preparado do que na década de 30, quando aBolsa de Valores de Nova Iorque quebrou. "Hoje o mercado estamais controlado, temos uma série de mecanismos para nãodeixar a situação se alastrar.”A crise econômica,segundo especialistas, não tem hora para acabar. E, segundo odiretor da FAAP, a bolha americana não é a única."Há situações semelhantes em diversospaíses da Europa, como a Holanda e a Inglaterra e atémesmo na Oceania, na Nova Zelândia e na Austrália",diz.Mas como esta criseafeta o cidadão comum no Brasil? O economista Fabio Silveira,sócio-diretor da RC Consultoria, explica que por hora o paísnão está sentindo os efeitos da crise. "Oprincipal efeito é a queda de commodities, que nãose reflete diretamente na economia real, só no mercado deexportações", ensina.Para o professor daPUC, as bolsas de valores estimulam o crescimento e o surgimento dasempresas e o movimento da economia acompanha seu ritmo. "Umacrise profunda diminui a capacidade de expansão das empresase, conseqüentemente, de gerar empregos."