Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A previsão deconstruir de 50 a 60 usinas nucleares nos próximos 50 anos éuma demonstração da tendência mundial de aumentaro uso desse tipo de energia. Para o coordenador do Grupo de Estudosdo Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), Nivalde de Castro, a declaração dada hoje (12)pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi umainterpretação qualitativa do cenário mundial, enão um planejamento efetivo.Segundo o professor, nãohá um planejamento para o setor energético nos próximos50 anos, mas a expectativa é que, assim como nos outrospaíses, o Brasil amplie significativamente a participaçãoda energia nuclear em sua matriz energética, especialmenteporque tem grandes reservas de urânio e capacidade deenriquecimento do elemento.O Plano Nacional de Energia 2030, queestabelece tendências e alternativas para as próximasdécadas, prevê que a participação daenergia nuclear na matriz energética brasileira passe dos 2,7%registrados em 2005 para 4,9% em 2030.O documento aborda aimportância da energia nuclear para a matriz brasileira nospróximos anos. “As preocupações crescentes coma segurança energética e as pressões ambientais,sobretudo com relação às emissões degases de efeito estufa, têm recolocado a opçãonuclear na agenda dos fóruns mundiais de energia, em geral, edos países desenvolvidos, em particular”, aponta oPlano.Para o coordenador da Campanha de Energias Renováveisdo Greenpeace, Ricardo Baitelo, em vez de construir mais usinasnucleares, o Brasil deveria investir em fontes de energia renováveis,como os ventos, o sol e a biomassa. Ele admite que é precisoampliar a matriz energética brasileira, mas garante que issopode ser feito sem a utilização da energianuclear.“Não é necessário ter nenhumaparticipação da energia nuclear na matriz brasileira,porque as energias renováveis são mais seguras, maisbaratas e com impacto mínimo ambiental em relaçãoà energia nuclear”, afirma.Segundo ele, o custo deinstalação de uma usina nuclear chega a ser quatrovezes maior que o de um parque eólico, por exemplo. Alémdisso, Baitelo lembra o problema da falta de alternativas para oarmazenamento do lixo nuclear. “É um passivo ambientaldeixado para as gerações futuras, e o custo de estudaralternativas de depósitos não está incluídona tarifa”, argumenta.A tarifa da energia nuclear éconsiderada a terceira mais barata – o megawatt-hora custa entre R$140 e R$ 160. Antes dela vem a energia gerada por hidrelétricas(entre R$ 80 e R$ 120 o megawatt/hora) e por térmicas a gásnatural, que custam cerca de R$ 140 o megawatt-hora.Atualmente, acapacidade instalada de energia do Brasil é de 105 milmegawatts e o consumo médio do país é de 52 milmegawatts. De acordo com estudosdo Ministério de Minas e Energia, o crescimento do ProdutoInterno Bruto (PIB) brasileiro em cerca de 5% ao ano exige aagregação de 4 mil megawatts a cada ano.