Malan defende privatizações do governo FHC e rejeita "herança maldita"

09/09/2008 - 18h00

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As privatizaçõesocorridas na década de 90 foram necessárias para fazero país crescer após o fim da hiperinflação.A avaliação é do ex-ministro da Fazenda PedroMalan, que fez hoje (9) um balanço sobre sua gestão àfrente da pasta durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.Emdepoimento gravado e exibido durante seminário comemorativodos 200 anos do Ministério da Fazenda, em Brasília,Malan disse que somente com as privatizações o paísconseguiria fazer os investimentos em infra-estrutura necessáriospara se desenvolver nos anos seguintes ao Plano Real."O Brasil, paracrescer, tinha necessidade de investimentos em infra-estrutura quenão davam para ser feitos somente pelo setor público",avaliou o ministro. "Esse era um dos desafios que se apresentou depois que ainflação foi contida."Segundo ele, a venda deempresas estatais para o setor privado não foi motivada apenaspor fatores ideológicos e trouxe avanços para o país."Hoje, a infra-estrutura que o país dispõe emdeterminadas áreas, como as telecomunicações, sófoi possível por causa dos investimentos privados".Além dasprivatizações, disse Malan, a equipe econômica dogoverno Fernando Henrique deixou como legado a estabilidade dasinstituições e a melhoria da percepção doBrasil no cenário internacional: "A gente conseguiuacabar com a imagem de que o Brasil só buscava soluções mágicas e semprequeria reinventar a roda para conter a inflação".Malan avaliou ainda quetodo governo se constrói sobre os avançosinstitucionais dos governos anteriores, processo que, segundo ele,continua a ocorrer com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva."O atual governo beneficiou-se de uma herança que nãotem nada de maldita", declarou.O ex-ministroreferiu-se indiretamente a uma declaração de Lula em2003. Na ocasião, o presidente classificou de "herançamaldita" a definição pelas agênciasreguladoras de aumentos nos preços da telefonia e da energiaelétrica. Malan, no entanto, disse acreditar que o atualgoverno entregará ao sucessor um país melhor do querecebeu.Para Malan, sua gestãofoi marcada principalmente pelos desafios de uma agendapós-hiperinflação, que se manifestaram de trêsformas: problemas de gestão da máquina pública,as conseqüências do fim da inflação – coma exigência de responsabilidade fiscal pela União,estados, municípios e a crise em bancos quepararam de se beneficiar com a indexação da economia -e a necessidade de aumento nos investimentos.Malan lembrou ainda ascrises internacionais que afetaram a economia brasileira no final dosanos 90. Ele afirmou que as crises do México, em 1995, daÁsia, em 1997, e da Rússia, em 1998, trouxeram impactono crescimento do país, mas tiveram efeito temporário,principalmente após o acordo com o Fundo MonetárioInternacional (FMI) em 1999, que estabeleceu metas de superávitprimário: "Em 2000, o país voltou a crescer e osproblemas estavam superados."