Para Eliana Pedrosa, dupla jornada feminina dificulta engajamento político

31/08/2008 - 11h02

Ivan Richard
Repórter da Agência Brasil
Brasília - "A política é difícil para a mulher assim como a vida profissional". A afirmação é da secretária de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal, Eliana Pedrosa (DEM). Segundo ela, a dupla jornada fica ainda mais desgastante quando há engajamento na causa política. “A mulher tem que compatibilizar seus afazeres domésticos com a política e isso traz uma sobrecarga que termina pesando nos ombros das mulheres”. Além disso, acrescenta, o período de auge profissional coincide com a fase da maternidade.Outro motivo que, de acordo com a secretária, restringe a participação feminina na política tem cunho social. “Vivemos uma cultura patriarcal em que as mulheres têm dificuldade de acesso aos financiamentos de campanha, por meio de pessoas amigas, de outras organizações porque não se vê na mulher a pessoa que chegará efetivamente à vitória”.Para democratizar o acesso a recursos, Eliana Pedrosa sugere que seja adotado o financiamento público para as campanhas.  “Teríamos uma participação mais efetiva das mulheres se fosse aprovado o financiamento público”, reforça. Embora haja uma lei que obrigue os partidos a ter 30% de participação feminina na sua composição, ela acredita que além do incentivo dos partidos e de investimento na formação política das mulheres, falta vontade da própria mulher.“A maior parte dos partidos tenta cumprir os 30%, os que não cumprem é porque não conseguiram arregimentar mulheres em número suficiente. Quando me candidatei pela primeira vez, pelo Partido Liberal, nenhuma mulher se apresentou espontaneamente. Os dirigentes do partido tiveram que nos convencer a colocar a candidatura”, lembrou.De acordo com ela, o olhar feminino traz um equilíbrio importante para a política. “A gente tem um olhar mais social, mais terno e isso contrabalança com as posições masculinas, que são bem mais racionais, bem mais objetivas”, afirmou. E essa contribuição se daria, principalmente, na implementação das políticas públicas voltadas para as populações mais carentes. “O lado social termina prevalecendo quando você tem uma visão mais feminina”.A secretária diz acreditar que a evolução política vai ampliar o acesso das mulheres. “Os processos democráticos vão se aperfeiçoando e nesse aperfeiçoamento entendo que os partidos vão buscar mais as mulheres naturalmente”. Ela incentiva as mulheres a se empenharem mais nesse sentido: “Cada uma de nós tem esse potencial dentro de si e pode ser uma vencedora na política, e a política sai ganhando com isso, o Brasil sai ganhando com isso”.