Quase todas as 500 maiores empresas do planeta operam no mercado chinês

16/08/2008 - 17h49

Mylena Fiori
Enviada especial
Pequim (China) - "Oaprendizado será longo e cruel, mas não estar na China é não estar nomundo". Dessa forma Alberto Miranda, da Fundação Dom Cabral, resumiu o quesignifica fazer negócios com o gigante asiático. A frase, segundo ele,é do diretor-geral da Embraco na China, João Carlos Lemos – afabricante brasileira de compressores, que já está há 12 anos no mercado queao mesmo tempo atrai e atemoriza empresários do mundo todo.“Ofator China surge em toda discussão estratégica de todas as grandes emédias empresas hoje”, garante Miranda, que gerencia o programa China:Oportunidades e Desafios, voltado a executivos brasileiros interessadosem conhecer o mercado chinês.  “As oportunidadessão múltiplas, mas é necessário conhecer esse ambiente, tão diversodo nosso. É preciso definir onde fazer negócio, com que segmento, quaissãos os concorrentes, conhecer direito empresarial chinês”,  orienta.Quasetodas as 500 maiores empresas do planeta listadas pela revista Fortunepossuem operações na China ou têm negócios com o país. Apesar docrescente interesse brasileiro, atualmente há apenas 35empresas brasileiras atuando na China. Algumas já instalaram plantasindustriais lá, como a Embraco, a Embraer (no país desde 2003 emassociação com a estatal Avic 2)) e a fabricante catarinense de motoreselétricos WEG. Outras, contam com escritórios comerciais – é o caso deGerdau, Suzano, Banco do Brasil e Itaú/BBA.Desdea entrada da China na Organização Mundial do Comércio, o país tambémpassou a permitir a abertura de empresas com capital 100% estrangeiroem alguns segmentos, como o de autopeças. Noutros, é necessário umparceiro chinês. A entrada de empresas estrangeiras só segue proibidaem setores considerados estratégicos, como o militar e segmentos daaviação, ainda é proibida a entrada de empresas estrangeiras. “Aabertura ao capital estrangeiro tem sido progressiva. Há setores quesão incentivados, como aqueles que trazem tecnologia para a China”, destacou Miranda.Atrativosnão faltam no mercado chinês: mão-de-obra barata, carga tributáriamenor, boas condições de infra-estrutura, boas reservas de capital(poupança e reservas externas). Outra vantagem citada  por Miranda é o planejamento governamental de longo prazo para a atividade econômica.Mas a China também tem suas fraquezas, como a escassez de matérias-primas,água e de energia limpa – cerca de 75% da energia do país é gerada determoelétricas à base de carvão, o que faz da China o segundo maiorpoluidor do mundo.Mirandatambém chama a atenção para um problema recorrente: as cópias. É comum oschineses simplesmente copiarem os processos das empresas que lá seinstalam.  Ele recomenda a contratação de uma boa consultoria em direito empresarial, especialmente em direito de propriedade intelectual.  “Sevocê proteger o produto eles vão copiar o processo, se você proteger oprocesso e tirar uma patente, eles vão copiar a marca, se proteger amarca vão copiar o logo, o jingle. Tem que estar muito bem assessoradoem relação a isso e, ainda assim, poder correr algum risco”, alerta.