Intercâmbio com Brasil ainda representa só 1% das trocas comerciais chinesas

16/08/2008 - 15h59

Mylena Fiori
Enviada Especial
Pequim (China) - Nos últimos oito anos, a China saltou do 12º parao 3º lugar entre os principais destinos das exportações brasileiras, respondendo por 6,68% do total. Noranking de fornecedores para o Brasil, o gigante asiático está atrásapenas dos Estados Unidos, com uma fatia de 10,1% das nossas importações. Em 2007, foram US$ 23,36 bilhões em transações bilaterais,com perspectivas de bater nos US$ 30 bilhões em 2008. Mas o intercâmbio comercial com o Brasil ainda representa pouco mais de 1% das trocas comerciais da China com o resto do mundo.Noprimeiro semestre de 2008, a balança comercial da China cresceu 25,7% ealcançou a cifra de US$ 1,23 trilhão – deste total, apenas US$ 16 bilhõesforam negócios com o Brasil. As exportações chinesas cresceram 21,9%totalizando US$ 666,6 bilhões – US$ 8,94 bilhões tiveram o Brasil comodestino. As importações tiveram alta ainda maior: 30,6%, num total deUS$ 567,6 bilhões, sendo apenas U$S 7,4 bilhões de produtos brasileiros.Além da pequena fatia brasileira, a pauta de trocas também é pouco diversificada. Asexportações brasileiras para o gigante asiático se concentram emprodutos primários e inclui óleo vegetal, combustíveis e alimentos. AChina já é o terceiro mercado agrícola brasileiro, e principal destinode nossas vendas externas de soja e minério de ferro.  Emcontrapartida, a China fornece para o Brasil basicamente produtosmanufaturados como máquinas e equipamentos, motores de veículos eprodutos plásticos.Ameta do governo brasileiro é triplicar as exportações brasileiras paraa China e atrair mais investimentos chineses para o Brasil até 2010.  Esse é o objetivo da chamada Agenda China, lançada no começo de julho, em parceria com o Conselho Empresarial Brasil-China.“OBrasil não pode continuar não observando esse movimento que ocorreu nomundo inteiro, não incluindo a China no planejamento estratégico”,afirmou o secretário-executivo do conselho, Rodrigo Maciel.Visandodiversificar a pauta de exportações para a China, a Agenda Chinaidentifica 619 produtos com oportunidades para exportação. Destes, 147são produtos com potencial para vendas imediatas e capacidade produtivacapaz de atender à demanda externa. O grupo inclui, além de produtosalimentícios como peixes, massas e preparações alimentícias, produtosfarmacêuticos e químicos, máquinas e equipamentos, higiene pessoal ecosméticos, plásticos, produtos de limpeza, setor automotivo e papel ecelulose, entre outros.  “A China é um grandeimportador de produtos manufaturados. Dos US$ 956 bilhões que importouem 2007, US$ 712 bilhões foram produtos manufaturados”, ressaltou Maciel.No médio prazo, a Agenda China identifica perspectivas de exportação de leite em pó, por exemplo –  produtoconsumido em grandes quantidades pelos chineses mas que, para o Brasilexportar, ainda depende de aumento de capacidade produtiva e denegociação entre os governos. Nos segmentos de máquinas e equipamentoseletroeletrônicos também há vários produtos com possibilidades de médioe longo prazo que implicam em mais investimentos produtivos.Ofundamental, segundo Maciel, é partir com mais agressividade para omercado que mais cresce no mundo. “O Brasil não fez nenhuma promoçãocomercial na China, apenas reagiu a uma demanda chinesa, que foi decommodities. Se a gente quiser diversificar nossa exportação, e é issoque a Agenda China propõe, temos que partir para uma atuação mais ativaem relação à China”, disse Maciel.