Balança comercial registra em julho segundo melhor resultado mensal do ano

01/08/2008 - 19h10

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A balança comercial brasileiraregistrou o segundo melhor resultado mensal de 2008 no mêspassado, com superávit de US$ 3,304 bilhões; atrásapenas dos US$ 4,073 bilhões de maio, que foi um mêsatípico, por causa do fim da greve dos auditores da ReceitaFederal do Brasil (RFB), que provocou a transferência doslançamentos das exportações e importaçõesde abril para o mês seguinte.O bom saldo foi resultado de vendasexternas no valor de US$ 20,453 bilhões contra importaçõesequivalentes a US$ 17,149 bilhões, o que resultou na maiorcorrente mensal de comércio de todos os tempos, conformeressaltou o secretário de Comércio Exterior, WelberBarral, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior.Barral destacou que, pela primeiravez no ano, as exportações tiveram melhor desempenhoque as importações. As vendas brasileiras de julhocresceram 10% sobre o mês anterior, enquanto as aquisiçõesde produtos estrangeiros aumentaram 8,02%. “Isso dá uma boaindicação de que as exportações podem serecuperar além das estimativas reveladas até aqui emostram que a meta de US$ 190 bilhões no ano éfactível”, disse ele.No acumulado do ano, o superávitcomercial (exportações menos importações)soma US$ 14,653 bilhões, com queda de 38,74% em relaçãoaos US$ 23,920 bilhões contabilizados em igual períododo ano passado, justamente porque as importações dejaneiro a julho aumentaram 52,1%: quase o dobro da expansão de27,2% verificada nas exportações.Barral afirmou, contudo, que “asexportações estão reagindo, e têm crescidotanto em preço quanto em quantidade, com exceçãodo petróleo”. Para ele, isso acontece em parte por causa da“evolução muito rápida dos preços decommodities” (cereais e minérios com cotaçãointernacional), e o Brasil é um dos principais fornecedoresmundiais de alimentos agrícolas, carnes e minério deferro.O secretário disse que asvendas de produtos manufaturados em julho somaram US$ 8,653 bilhões,com destaque para álcool etílico (US$ 281 milhões),óleos combustíveis (US$ 471 milhões), aviões(US$ 310 milhões), motores e geradores (US$ 211 milhões),autopeças (US$ 339 milhões), veículos de carga(US$ 207 milhões), tratores (US$ 184 milhões) etelefones celulares (US$ 165 milhões).A venda brasileira de produtossemimanufaturados registrou valor recorde mensal de US$ 2,967bilhões, com maior participação de produtos deferro e aço (US$ 457 milhões), óleo de soja (US$319 milhões), ferro-liga (US$ 247 milhões), celulose(US$ 528 milhões), ferro fundido (US$ 335 milhões) eaçúcar (US$ 390 milhões). Todos com aumentossubstanciais em relação ao mês de junho. No grupo dos produtos básicos,as exportações alcançaram US$ 8,319 bilhões,com crescimento destacado (de 111,5%) para as vendas de soja em grão,que renderam US$ 1,9 bilhão no mês, enquanto farelo desoja rendeu US$ 536 milhões. As exportações depetróleo em bruto caíram 3% em quantidade, nacomparação mensal, mas como o aumento de preço“foi muito alto, no entender de Barral, o valor das vendas cresceu83,3% e alcançou US$ 1,3 bilhão.Também se destacaram entre osprodutos básicos as vendas de minério de ferro (US$ 2bilhões), carne suína (US$ 158 milhões), carnebovina (US$ 391 milhões), carne de frango (US$ 589 milhões)e minério de cobre (US$ 201 milhões). O secretáriodestacou que, além do aumento das quantidades embarcadas, comexceção de petróleo, importantes produtos dapauta de exportações tiveram elevação depreços e “ampliaram-se as vendas para todos os principaisblocos econômicos”.Em termos de países, osprincipais compradores no mês passado, pela ordem, foram:Estados Unidos (US$ 3 bilhões), China (US$ 2,540 bilhões),Argentina (US$ 1,757 bilhão), Países Baixos (US$ 1,110bilhão) e Alemanha (US$ 1,008 bilhão). Embora em menorquantidade e valor, o secretário afirmou que houve crescimentoexpressivo nas exportações para mercadosnão-tradicionais como Irã, Costa Rica, Israel, Áustria,Síria, Jamaica e Bahrein.Quanto às importações,também houve crescimento em relação a todas ascategorias de produtos. Na comparação com julho de 2007as compras de combustíveis e lubrificantes registraram aumentode 58,8%, bens de capital evoluíram 58,5%, bens de consumo seexpandiram 51,2% e matérias-primas e intermediáriascresceram 47,4%. O destaque foram as compras de automóveis daCoréia do Sul, Argentina e México, com elevaçãode 142%, além de adubos e fertilizantes, máquinas eequipamentos eletrônicos.Também nas importaçõeshouve aumento de fornecimento de todos os principais blocoseconômicos, disse Barral. Em termos de países, os cincomaiores fornecedores, pela ordem, foram: Estados Unidos (US$ 2,499bilhões), China (US$ 1,954 bilhão), Alemanha (US$ 1,221bilhão), Argentina (US$ 1,095 bilhão) e Japão(US$ 643 milhões).No acumulado do ano, o Brasil vendeuprodutos equivalentes a US$ 16 bilhões para os EUA, nossomaior parceiro comercial, e comprou dos norte-americanos ocorrespondente a US$ 13,9 bilhões. Obteve, portanto, superávit(saldo positivo) de US$ 2,1 bilhões. Também registrousuperávit de US$ 3 bilhões com a Argentina, com vendasde US$ 10,3 bilhões e compras de US$ 7,3 bilhões.O Brasil tem, no entanto, déficit(saldo negativo) persistente com dois outros grandes parceiros: deUS$ 2 bilhões com a Alemanha (vendas de US$ 4,8 bilhõese compras de US$ 6,8 bilhões) e de US$ 1 bilhão com aChina (vendas de US$ 9,9 bilhões contra importaçõesde US$ 10,9 bilhões), de acordo com dados do Ministériodo Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Issosem falar nos déficits crônicos com Nigéria eArgélia, que são dois dos maiores fornecedores depetróleo para o mercado brasileiro.