Alex Rodrigues
Enviado especial
São Paulo - O vice-presidente da República, José Alencar, defendeu hoje (21) a necessidade do Brasil produzir e contar com submarinos nucleares em sua frota naval. Para Alencar, as embarcações são necessárias para o país proteger as riquezas existentes em sua plataforma marítima e desencorajar qualquer iniciativa agressiva estrangeira em águas brasileiras.
“Precisamos de submarinos nucleares que nos dêem condições de dissuasão, de desencorajar qualquer aventura contra qualquer coisa que pertença ao nosso país”, disse Alencar, após visitar as instalações do Centro Experimental de Aramar (CEA) da Marinha do Brasil, no município de Iperó, a 120 quilômetros da capital de São Paulo.
Embora tenha negado que a recente reativação da 4ª Frota Naval norte-americana preocupe ou motive o governo a apressar a construção do primeiro submarino nuclear brasileiro, Alencar admitiu que, diante da necessidade de patrulhar uma área de mais de 4 milhões de quilômetros quadrados, o país está “atrasado”.
“A verdade é que a colocação de submarinos e de outras embarcações próprias, para tomar conta desta área, é absolutamente inadiável. Não é para atirar em ninguém, é para dissuadir. Hoje sabemos que há riquezas e temos que tomar conta delas. Precisamos fazê-lo imediatamente”, afirmou o vice-presidente.
Desde 1979 a Marinha vem desenvolvendo seu programa nuclear no CEA. Um dos objetivos dos militares do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) era dominar a tecnologia necessária para enriquecer o urânio, primeiro passo para que o país desenvolva um complexo de produção de combustível nuclear. De posse dessa tecnologia, a Marinha também planeja projetar e construir um submarino com propulsão nuclear. Embora já tenha atingido o primeiro objetivo, o Brasil ainda não consegue enriquecer o urânio em grandes quantidades, tendo que recorrer a alguns países europeus. Ao visitar o CEA no início de julho de 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a liberação de cerca de R$ 1 bilhão, necessários para a conclusão do programa nuclear da Marinha. O valor seria distribuído ao longo de oito parcelas anuais de R$ 130 milhões cada. Este ano, já teriam sido liberados R$ 80 milhões.Hoje, ao garantir que a intenção de uso da energia nuclear brasileira é pacífica, o vice-presidente acenou com a possibilidade de que não só o valor, mas principalmente o número de parcelas, seja revisto. “Queremos abreviar um pouco isso, e não retardar”, disse Alencar, enfatizando, no entanto, que é necessário que a Marinha comprove ter condições de atingir as metas estabelecidas em seu programa.
Alencar chegou a comentar que irá conversar com o presidente Lula a fim de verificar a possibilidade de acelerar o cronograma do programa, principalmente para obter o reator nuclear de testes, necessário à construção do primeiro submarino nuclear brasileiro. A previsão é que o reator esteja pronto em 2014.“Tem que ser feito um cronograma que demonstre que o gargalo não é apenas financeiro e que, do ponto de vista tecnológico, nós temos todos as condições. Agora, é preciso mais recursos, em um prazo mais curto, para atender os objetivos de chegarmos lá mais rápido”, disse o vice-presidente José Alencar.