Cartilha da FAO ensinará a enfrentar escassez mundial de alimentos

10/04/2008 - 21h12

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Como enfrentar aescassez de alimentos e a conseqüente alta nos preços mundiaissem gerar escassez ainda maior é um dos grandes desafiosatuais, na avaliação da Organização dasNações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). O aumento no consumo e a redução da oferta elevaram o custo dos alimentos em 45% nos últimos nove meses,dificultando o acesso pelas populações mais pobres. Com receio do impactonegativo de medidas pontuais a FAO lançará, nas próximas semanas, um guia de políticas para enfrentar acrise mundial de desabastecimento. O título provisório dacartilha é Como Evitar o Pânico. “Queremos evitar quenesse momento de crise os países, individualmente, parasalvaguardar a sua soberania e seus interesses, tomem medidas quepossam agravar a crise e tornar a solução ainda maisdifícil”, explicou José Graziano, diretor da FAO paraa América Latina e Caribe. “Há um renascimento do'dragão' inflacionário em muitos países, o que os obriga a tomar medidas recessivas que podem resultar numagravamento ainda maior da crise”, acrescentou.Alguns países,como a Argentina, optaram pela restrição dasexportações – do trigo, no ano passado, e da soja, agora. Outros, segundo Graziano, suspenderam por completo a venda dealimentos para o mercado externo, com receio do desabastecimentodoméstico. “Se cada país que produz ou exporta algumacoisa resolver proibir a exportação porque pode faltaraquele produto no seu país, realmente vai faltar e vai havercada vez mais especulação”, ponderou.Graziano lembrou que uma dasmedidas sugeridas pela FAO para o combate à crise é oapoio à produção de alimentos pelos agricultoresfamiliares. “Estamos absolutamente convencidos de que no contextolatino-americano a oferta de alimentos básicos passa por umapoio creditício a baixas taxas de interesse, e de longoprazo, aos menores agricultores, que são os grandes produtoresde leite, batata, arroz, produtos de consumo popular corrente. Não há motivo para estes produtos serem afetados pelo processo especulativo mundial", avaliou.