Auditores da Receita decidem continuar em greve

07/04/2008 - 19h45

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Quase 70% dosauditores fiscais da Receita Federal do Brasil (RFB) continuam aparalisação por melhores salários. O movimentocompleta 21 dias de duração e a categoria votou hoje(7), em assembléias regionais, pela continuidade do movimentoem todos os postos de fronteira e aduanas. O Comando Nacional doMovimento prepara ato público, na Esplanada dos Ministérios,para a próxima quarta-feira (9).Alguns chefes dedelegacias da Receita entregaram seus cargos - como no Acre, Cascavel(PR), Joinville (SC) e Pelotas (RS) – e auditores em grevedevolveram trabalhos que desenvolviam. “A paralisaçãosó não é maior porque temos que garantir ofuncionamento mínimo de 30% dos serviços”, disse opresidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da RFB(Unafisco), Pedro Delarue.Ele explicou que não existe legislaçãoa respeito do índice, mas sim uma “limitaçãojurisprudencial” que equipara os movimentos grevistas nos serviçospúblicos aos da iniciativa privada. “Não pode havercolapso”, acrescentou.Apesar disso, os prejuízos já sefazem sentir nos principais portos onde se registra a maior parte da movimentação do comércio exterior, como Santos(SP) e Paranaguá (PR); em aeroportos como Guarulhos eViracopos, em São Paulo, e Galeão, no Rio de janeiro; enos postos de fronteira de Foz do Iguaçu (PR) e Uruguaiana(RS), nos quais a situação é mais críticae se formam filas quilométricas de caminhões que nãopodem movimentar as cargas.Os prejuízos também sãograndes para empresas de eletroeletrônicos, celulares ebicicletas da Zona Franca de Manaus. Sete indústriasparalisaram suas atividades na semana passada e deram folgasremuneradas a sete mil funcionários. Pelos cálculos doDepartamento de Logística da Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), o custo dos 21 dias de greve dos auditores fiscaispassa de US$ 40 milhões, sem contar os transtornos para asempresas. O presidente do Unafisco ressalva, porém,que “não é nossa intenção causarprejuízo à Nação ou à sociedade.Queremos tão somente que o governo cumpra o acordo assumido,em outubro do ano passado, quanto à equiparaçãosalarial com outras categorias do Executivo”, disse Delarue.Ele disse que, ao invés de cumprir oacordo, “o governo tem recuado”, sob a alegação defalta de dinheiro, por causa do fim da ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).Os auditores querem equiparar seus salários,de pouco mais de R$ 13 mil, com os contracheques de delegados daPolícia Federal e procuradores da Fazenda Nacional naAdvocacia Geral da União (AGU), que ganham R$ 19 mil,em média.