Carolina Pimentel e Mylena Fiori
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reconheceu hoje (4)que parte dos dados que integram o suposto dossiê sobre o uso de cartões corporativos no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu do arquivo da CasaCivil. “Temuma parte que é verdade, que saiu do nosso banco”, disse, em entrevistacoletiva no Palácio do Planalto, ao acrescentar que o banco de dados da CasaCivil contém os gastos com hospedagem, alimentação e transporte.A ministra levantou a hipótese de um computador da Casa Civil – "um bem público – ter sido invadido. Mas, indagada se acreditava na invasão, respondeu que estimativas do Instituto de Tecnologia da Informação(ITI) indicam que em 90% dos casos o vazamento é feito por alguém dopróprio órgão e não descartou a possibilidade.“Nãoestou com nenhum prejulgamento. Nem acho que não foi invasão nem achoque foi invasão – vamos investigar. Não vou fazer nenhuma suposição”,alegou, ao completar que o governo vai investigar até encontrar oresponsável. Aministra questionou a veracidade da planilha divulgada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo, em matéria que afirma que o suposto dossiê saiupronto da Casa Civil. Ela argumentou que na tabela publicada aparece umacoluna que, segundo Dilma, não existe no banco original, organizado deforma diferente. E sugeriu que qualquer um pode montar uma tabela damaneira que desejar.“Temuma coluna que não existe no nosso banco de dados. Os nossos dados nãotêm essa ordem”, alegou. “Numa planilha de Excel, monta-se o que sequer”, acrescentou. Aindaao rebater a matéria, a ministra disse que o fac-simile divulgado pelojornal não é o mesmo que a Casa Civil recebeu na noite de ontem (3).Ela explicou que no documento recebido pela Casa Civil existe uma rasuraque não aparece no quadro publicado pelo jornal. Eacrescentou que vai checar todas as informações publicadas. “O interessante é que esse mesmo fac-simile, ao serpublicado, não estava rasurado”, disse.Aministra voltou a falar que o governo não tem interesse em montar umdossiê sobre as despesas na gestão de Fernando Henrique Cardoso ejustificou que parte das informações é de conhecimento público. “Porque fazer dossiê de informações que não são sigilosas? Fazer dossiê deinformações públicas?”E informou que se os dados fossemde autoridades do governo Lula estariam expostos no Portal daTransparência, criada no atual governo. Segundo a ministra, a maioriadas informações do suposto dossiê é de conhecimento público e assigilosas referem-se às despesas da ex-primeira-dama Ruth Cardoso.A ministraanunciou que avaliará com o ministro da Justiça, Tarso Genro, se cabeà Polícia Federal investigar o vazamento das informações – o que, segundoDilma, constitui crime.