Conass estima envio de 150 pediatras para o Rio de Janeiro

01/04/2008 - 20h15

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Embora os números ainda não estejam fechados, o que só deverá ocorrer na sexta-feira (4), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) deverá encaminhar cerca de 150 pediatras para auxiliar o Rio de Janeiro no combate à epidemia de dengue, que já matou 67 pessoas no estado.A informação foi dada à Agência Brasil, pelo presidente do Conass, Osmar Terra, secretário de Saúde do Rio Grande do Sul – estado que já confirmou o envio de pelo menos 15 médicos para o Rio. Também se prontificaram a ajudar no combate à epidemia os estados de São Paulo (que deverá encaminhar o maior número de profissionais), Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul (que enfrentou uma epidemia da doença no ano passado), Paraná, Espírito Santo e – em escala menor – alguns estados do Norte, como o Amapá e o Pará.“Os estados do Nordeste estão com dificuldade de encaminhar profissionais porque também enfrentam problemas com a doença. O importante é que todos estão empenhados em ajudar o Rio de Janeiro”, afirmou Terra.Na quinta-feira (3), disse, todos os secretários estaduais de Saúde estarão no Rio de Janeiro para um encontro com o secretário Sérgio Côrtes e com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. “Será um momento de se prestar solidariedade ao estado e de nos colocarmos à disposição para ajudar no que for preciso. No encontro, a estimativa da transferência temporária de profissionais para o estado já deverá estar delineada", adiantou.O pedido de engajamento de profissionais de saúde de outros estados no combate à epidemia de dengue, feito pelo secretário Sérgio Côrtes, recebeu críticas do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, cujo presidente, Jorge Darze, considerou a decisão "equivocada". Darze disse que não há carência de médicos no estado, onde moram, trabalham e clinicam cerca de 5 mil pediatras. “O governo do Rio trabalha com meias verdades e isto é muito ruim para um debate sério sobre a epidemia de dengue. Passa a impressão de que nós não queremos contribuir para a solução do problema e de que somente o estado é a instituição interessada em cuidar da população, o que não é verdade”, disse Darze. Ele acrescentou que o governo fluminense encontra dificuldades para suprir a rede com profissionais por duas razões básicas: "O problema dos salários, um dos mais baixos do Brasil, e as condições de trabalho, também uma das piores do país. E se o problema já era crítico antes da epidemia, fica ainda pior agora, no momento de crise.”Darze também alertou que o governo estadual não pode trazer um médico de outro estado sem cumprir algumas questões legais: “Ele tem que ter uma inscrição, mesmo que provisória, no Conselho de Medicina do Estado, o que não é um procedimento administrativo que se resolva da noite para o dia, e o estado sabe disso. Mas desvia a atenção do eixo da discussão, que é a epidemia e seus responsáveis, enquanto a população adoece e morre."E informou que o governo fluminense "não tem autorização para gastar o dinheiro público desta forma, quando paga cerca de R$ 150 ao pediatra do estado, concursado há 20 ou 30 anos, por um plantão de 12 horas". O valor oferecido aos que virão de outros estados, acrescentou, corresponde a até quatro vezes o salário pago na rede estadual.“Não se pode dispor do dinheiro público da forma que melhor interessar ao governo. Isto caracteriza improbidade administrativa. Se o governo tem, hoje, disponibilidade administrativa, que assuma o compromisso de fazer um novo plano de cargos e salários para a categoria, a fim de atraí-la à rede pública. A evasão de médicos aprovados nos últimos concursos é de quase 70%, por causa dos baixos salários e das condições precárias de trabalho”, denunciou. .Por meio de sua assessoria de imprensa, a Secretaria Estadual de Saúde informou à Agência Brasil que não pretende polemizar com o presidente do sindicato nos meios de comunicação. Sobre o alto índice de letalidade do vírus na epidemia deste ano, a assessoria afirmou que ela ocorre em razão da agressividade “muito maior” demonstrada pelo vírus desta vez.