Oposição reage com discursos diferentes a monopólio de partidos na direção de CPI

14/02/2008 - 19h36

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A oposiçãoreagiu com discursos diferentes a tentativa do PMDB e do PT demonopolizar a presidência e a relatoria da ComissãoParlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos CartõesCorporativos. O líder do PSDBno Senado, Arthur Virgílio (AM), defende que os parlamentaresda oposição integrem a CPMI mesmo que os dois cargosfiquem com os governistas. O seu objetivo é tentar emplacar,de imediato, requerimentos "indigestos"."Eu acho que, emqualquer circunstâncias, devemos estar na CPI e apresentar osrequerimentos mais duros, mais indigestos, logo de cara, e testarpara saber se a base governista está falando sério ounão quando se dizem dispostos a colaborar com asinvestigações", defende Virgílio. Ele considera que sedeve tentar abrir, logo no início dos trabalhos, os gastos daPresidência da República com cartões corporativose a convocação dos ministros envolvidos.O senador disse que nãocabe a uma CPMI se limitar a investigar gastos com os cartõesfeitos por servidores públicos ou pela ex-ministra daSecretaria Especial de Políticas para a Promoçãoda Igualdade Racial Matilde Ribeiro. O líder disseque somente no caso de resistência da base aliada ao governo nainvestigação dos gastos da Presidência daRepública e de ministros de Estado é que se admiteconversas para se criar uma CPI exclusiva do Senado, com relatoria epresidência do PSDB e do DEM, para investigar o mesmo fato.Já o líderdo DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), pretende confirmarcom o líder do governo no Senado, Romero Jucá(PMDB-RR), as indicações de Neuto de Conto (PMDB-SC)para a presidência da CPMI e do deputado Luiz Sergio (PT-RJ)para a relatoria. Se o líder dogoverno ratificar as indicações, Agripino Maia defendeo boicote da oposição à comissão e aimediata instalação de uma CPI exclusiva dos senadores."A tese que euadvogo é que se não tiver paridade nas indicaçõesdos cargos a oposição nem participe. Não vamosparticipar de uma farsa", afirmou o líder do DEM. José AgripinoMaia espera que até o fim da próxima semana mais esteimpasse entre governistas e oposição seja resolvido.O líder do PSB,Renato Casagrande (ES), adverte que o único caminho que restaà CPMI é a instalação e o inícioimediato das investigações. Quanto aos cargos, eleconsidera que o debate com a oposição começaráagora. "A indicaçãofoi do PT e do PMDB, não houve uma indicação dogoverno. Foi uma indicação dos dois partidos, que têmas duas maiores bancadas [na Câmara e no Senado] e achamque têm o direito. A oposição reclama que tem omaior bloco no Senado. Vamos fazer o debate, acho que ele vai seacirrar até a semana que vem", disse.Casagrande prevêque os trabalhos da comissão já começarão"num nível de debate intenso" por causa da brigapela presidência e relatória. "Não temcomo deixar de ser polêmica, pelos próprios fatos queserão investigados”.