Marco Antônio Soalheiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) além dos estudosjá em fase mais avançada dos impactos do aquecimento global sobre a produção nacional de soja, milho e café tambémestá em empenhada em traçar cenários para oarroz, o trigo e o feijão. A informação édo pesquisador da Embrapa Informática AgropecuáriaFábio Marinho, para quem o feijão desperta umapreocupação especial. “É uma cultura muitosensível à falta de água”, ressaltou ementrevista à Agência Brasil. Em relaçãoao arroz, o cenário é menos grave pelo fato de boa parte da produçãobrasileira ser feita em áreas irrigadas, segundo opesquisador. Seriam impactadas commais força apenas áreas onde se produz arroz de sequeiro. O especialista lembrouque as projeções não significam necessariamentecenários trágicos para os agricultores, mas representamum sinal para o planejamento de políticas públicas. “É um alertaimportante de que nós precisamos pesquisar essas culturas e investirem melhoramento genético. Assim como como soja estásaindo na frente [pesquisadores já desenvolvem um tipo de grãomais resistente ao clima seco] as outras culturas precisam de estudose recursos para que os 'melhoristas' desenvolvam variedades mais aptasà nova condição”, expliocu Marinho. “Se nadafor feito, podemos ter um impacto muito forte”, ressaltou. Marinho destacou aindaque na condição de país tropical, o Brasil émuito dependente da agricultura . “O nosso PIB [Produto InternoBruto], de 30% a 35% decorre do agronegócio. A gente precisacuidar da galinha dos ovos de ouro do país”. Apesar da Embrapatrabalhar no sentido de evitar a necessidade de agricultoresfuturamente terem que mudar de cultura, a hipótese nãopode ser de todo descartada, ponderou Marinho. “Para o agricultor, trocar de cultura não é como trocar de casa ou decarro, mas isso pode acontecer. A gente tenta manter a cadeia, ageografia agrícola, mas eles podem vir a ser convidados amudar”, alertou.