Após libertação frustrada de reféns, Colômbia diz que não tolera mais comissões humanitárias

07/01/2008 - 21h50

Agencia Telam

Buenos Aires (Argentina) - O governoda Colômbia questionou abertamente hoje (7) a operaçãofrustrada de libertação dos reféns sequestradospelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia(Farc), ao afirmar que “não tolerará mais” comissõeshumanitárias. O governo também considerou que a Venezuela – responsávelpela tentativa de negociações – “deveria pedirexplicações às Farc pelo engano”.

Para ochanceler Fernando Araujo, as delegaçõesinternacionais que estiveram no país “foram representadaspor pessoas que não conhecem a situaçãocolombiana nem as Farc”, o que os levou a “atacar o governo edefender a guerrilha”, de acordo com informações dojornal colombiano El Tiempo.

O chefeda diplomacia colombiana lamentou que muitas pessoas se deixaramenganar, “insistindo em comentários sobre interessesequivocados por parte do governo colombiano”.

Oscomentários de Araujo foram recebidos com “assombro esurpresa” pela chancelaria Argentina, cujo titular, Jorge Taiana,integrou, com o ex-presidente Néstor Kirchner, a comissãode delegados internacionais que apoiaram a chamada OperaçãoEmanuel, que pretendia libertar Clara Rojas, o filho dela Emmanuel (de três anos de idade e nascido em cativeiro) eConsuelo González.

“Comtodo o respeito, é necessário afirmar que as palavrasde Araujo são contraditórias ao que foimanifestado por seu presidente, Alvaro Uribe, ao ex-presidente NéstorKirchner e a outros membros da comissão humanitáriainternacional a favor da liberação dos refénsnas mãos das Farc”, afirmaram porta-vozes oficiais da chancelaria Argentina.

“Foi opróprio Uribe que, ao final do término da visita,manifestou a Kircher o agradecimento pela presença na Colômbiae pelos esforços humanitários levados a cabo pelacomissão no país”

Odelegado do governo do Equador na comissão, Gustavo Larrea,lamentou a declaração de Araujo. "Respeito sua declaração, mas não concordo,porque me parece que o mundo inteiro pede um espaçohumanitário” nessa questão.

Larrea lembrou que Uribe se manifestou a favor da continuidadeda gestão internacional. “Se ele mantém sua posiçãonossa gestão tem sentido”.

Ochanceler colombiano foi a primeira voz oficial depois que seconfirmou, na sexta-feira (4), que Emmanuel estavama verdade em um instituto de bem-estar social em Bogotá,capital colombiana.

Neste final de semana, as Farc acusaram o governo de Uribe de seqüestrar a criança. Ovice-presidente colombiano, Francisco Santos, acusou a organização guerrilheira dementirosa e afirmou que a capacidade dos rebeldes de manipular ecometer atrocidades não tem limites.

Opresidente colombiano havia assegurado que as Farc nãolibertaram os reféns porque não estavam com o menino,que estaria sob a proteção de um organismogovernamental desde 2005. Posteriormente, as Farc admitiram o fato,com o argumento de que não poderiam manter uma criançapróxima aos combates.