Tributarista diz que aumento do IOF vai atingir os brasileiros mais pobres

03/01/2008 - 0h58

Sabrina Craide
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apesar de considerar oaumento de 0,38% no Imposto sobre Operações Financeiras(IOF) anunciado pelo governo constitucional, o tributarista IvesGandra Martins se diz contrário à elevação do tributo. Paraele, as mudanças propostas pelo governo vão afetar acamada mais pobre da população. “Vai atingirexatamente quem não tem dinheiro para comprar à vista eé obrigado a comprar a prazo. Vai atingir aqueles que têmnecessidade de financiamento”, avalia.Para ele, o governodeveria, ao invés de aumentar impostos, reduzir os custos damáquina administrativa, que ele considera “esclerosada”.Gandra acredita que, com o aumento do IOF, o governo pretendedesaquecer a demanda, e, assim, evitar uma retomada inflacionária.Segundo o tributarista haverá uma redução da procura das compras àprestação. “Isso vai trazer uma certa reduçãodo financiamento do crediário. Evidentemente que nãovai terminar, mas vai haver uma redução das compras aprazo.”Do ponto de vistapolítico, Ives Gandra diz que a decisão de aumentardois impostos foi uma “afronta ao Congresso Nacional e ao povobrasileiro”. “A rejeição da CPMF foi uma rejeiçãonão apenas a um mal tributo, mas à elevada cargatributária. Isso é uma demonstração deque o governo, em matéria de tributos, pouco se importa com aopinião do povo e do Congresso Nacional.” O jurista critica o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tergarantido que não haveria aumento de impostos com o fim daContribuição Provisória sobre MovimentaçãoFinanceira (CPMF). “O presidente Lula garantiu ao povo brasileiroque não haveria aumento da carga tributária e umasemana depois ele aumenta.”